(114) Avaliação do Turismo em Praga
Praga (Para aumentar de tamanho clique sobre a imagem)
Começo com uma provocação ao "Raio" (Cabalas)! Ao ser um membro da União Europeia a República Checa torna-se ainda mais acessível a turistas provenientes da mesma União. O Bilhete de Identidade é o único documento necessário para entrar e circular neste país. Nada de passaportes, vistos ou autorizações. É só pena que ainda não tenha aderido ao EURO já que não há nada pior para um turista do que entrar numa verdadeira corrida pela melhor conversão da moeda. A especulação é tanta que torna-se desagradável a conversão de Euros por Coroas Checas. Daqui a uns anos acaba-se mais este pesadelo que é trocar moedas numa cidade turística.
A beleza de Praga é inquestionável mas a qualidade dos serviços de turismo é que já é bem questionável. Passo a explicar! A maioria dos funcionários que lidam directamente com os turistas não falam Inglês e muitos desconhecem uma segunda língua (o Alemão é a segunda língua mais falada). A juntar a este problema de comunicação fiquei com a impressão que, para além do que estão especificamente contratados para fazer, são pouco acessíveis a perguntas adicionais. Esta é a regra, há excepções bem agradáveis. Concluo que a imponência da cidade é um seguro contra a falta de simpatia (não antipatia) e que a herança soviética de trabalho garantido não criou uma mentalidade de excelência.
Há um certo amadorismo no turismo! Exemplifico. No Convento de São Jorge (imponente e magnífico) durante todo o tempo da minha visita (mais de trinta minutos) um aspirador e um espanador de pó estavam jogados sobre o altar. Depois nem os funcionários nem as obras davam ou tinham informação em língua estrangeira. Só há um esforço em garantir a comunicação com o turista onde o retorno é imediato, onde as receitas ficam em jogo.
A rede de Transportes Públicos é bastante boa e eficaz apesar de já se notar uma certa degradação nos veículos e nas simples estações. Foi uma boa herança do Regime Soviético. O problema começa no horário de funcionamento, mesmo no Verão. Aí entram em acção os verdadeiros vampiros de Praga, os taxistas. Sem sentirem necessidade de usar o taxímetro negoceiam a seu belo prazer as tarifas sem interferência visível das autoridades (que só me pareceram implacáveis, e bem!, no estacionamento ilegal). Depois de mais uma das "estranhas" noites de Praga estava a vinte minutos (a pé) do hotel. Devido ao cansaço geral e à fraca iluminação do trajecto recorremos aos táxis. O primeiro taxista, após negociação prévia, sugeriu 20€ (quase 600 Coroas Checas). Inaceitável! Atravessamos a ponte e agora o percurso até ao hotel a pé era de 15 minutos. Novo táxi, novo preço. Já eram 10€ (300 Coroas). Nem pensar! A questão já não era monetária, era um roubo! Decidimos ir a pé mas tivemos de voltar ao mesmo local já que as ruas estavam desertas e escuras. No mesmo local outro taxista sugeriu 250 Coroas (8€). Engoli um sapo e lá entramos. Mesmo com o preço combinado o taxista deu a volta a Praga já que nas ruas principais podia ter polícia. A 2 minutos do hotel demoramos 10 minutos a lá chegar. Fiquei nervoso, de raiva não de medo pelas voltas em sítios inóspidos que ele deu. É um acontecimento normal em Praga. Inaceitável!
Se um dia a cidade não souber envelhecer e perder o seu encanto vai-se arrepender de ter confiado em demasia na sua beleza arquitectónica. Mas nada vai apagar o impacto que esta cidade já teve na minha vida.
2 Comments:
At 12:16 da manhã, Unknown said…
Como já referi estive em Praga há muito tempo. Noto pela tua descrição da roubalheira generalizada de que a cidade (e provavelmente o país) está muito mais europeu do que quando lá estive.
Nessa altura nenhum taxista me levou mais do que estava no taximetro! E ninguém me assaltou ou sequer me assustou. Achei até que era uma cidade extremamente segura. E com bons transportes públicos!
Mas que queres? A exploração a que a União europeia sujeita a maior parte dos países tem custos!
A população era simpática embora só falasse checo ou alemão (de que eu consigo entender qualquer coisa). Raramente encontrei alguém a falar inglês.
At 12:34 da manhã, Unknown said…
Sobre as provocações:
Francamente o que me incomodou menos foi o levar o passaporte e o de ter ido à Embaixada pedir um visto.
Tudo isso se resolveu num ápice.
Incomodou-me mais ter de tomar um avião para Bruxelas, depois um para Amsterdão e por fim um para Praga...
De referir que não é necessário pertencer à UE para visitares um país só com o BI. Se fores à Islândia ou à Noruega, países que não pertencem à UE, vais só com o BI...
Quanto aos câmbios, deves ter razão. A roubalheira deve ser imensa. Mas isso é causado pela adesão à UE. Quando eu lá estive não era.
É que a roubalheira nos cãmbios em todos os países da UE que não aderiram ao Euro é monstruosa. Nem é necessário ir a Praga, basta ir ao Reino Unido. Além de câmbios desfavoráveis ainda por cima cobram comissões.
Mas, se fores aos Estados Unidos ou Canadá, a roubalheira é muito menor. Ou até mais longe, a Hong Kong, por exemplo.
A meu ver estás a cair num logro. Esta roubalheira é permitida e incentivada pela própria UE para as vitimas fazerem o raciocínio que estás a fazer, tomara que entrem no Euro...
Não achas estranho que a Comissão Europeia, tão lesta a meter o nariz em todo o lado, nunca tentou pôr alguma ordem nos câmbios?
Nos últimos cinco ou seis anos estive nos Estados Unidos, Canadá, Hong Kong, Macau, China (bom, HK e Macau também são China, mas são diferentes) e Tailândia. Em nenhum tive a roubalheira de câmbios que tive no Reino Unido...
Não dá que pensar?
Quanto a só haver informação na língua local, trata-se mais uma vez de um costume europeu que não encontras fora da Europa, ou raramente encontras (estou a pensar nalguns países árabes).
Em Leuven (Bélgica) visitei um museu. Estava tudo em flamengo com uma única excepção, um letreiro em flamengo, francês, inglês, alemão e espanhol. Esse letreiro estava numa porta e dizia simplesmente "proibido passar"...
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