(145) Nacionalidades...
Que critério?
Estou aqui para acrescentar mais umas achas à polémica da nacionalidade dos atletas que representam o nosso país. O que é que me faz confusão, pergunta o atento leitor? O Francis Obikwelu? Não! O Deco? Não! O Derlei? Não! O que me faz confusão não tem nada a ver com imigração, com xenofobia nem nada disso!
Então qual é o meu problema? Em primeiro lugar porque parece que ninguém se importa que um atleta seja deslocado do seu país ou cidade com a idade de 12 (ou pouco mais) anos. E parece que ninguém se preocupa com o facto do dinheiro desvirtuar o desporto, já que muitos atletas africanos preferem jogar nas selecções mais fortes e que lhes dão mais visibilidade do que jogarem nos seus países de origem. E parece que também ninguém se preocupa com o facto de se nacionalizar atletas só porque uma selecção tem falta dum jogador para uma determinada posição (ou modalidade) e porque esse jogador não é chamado para a sua selecção de origem. Agora até querem mudar a regra de que se o jogador já jogou numa selecção não possa jogar em mais nenhuma. Eu só tenho medo que o dinheiro desvirtue o desporto, mais nada.
Quanto aos casos nacionais as situações são bem diferentes e cada caso é um caso. O Deco insinuou várias vezes que queria ir à selecção Brasileira, não lhe fizeram a vontade. Jogou na nossa com muita dedicação, tem mérito por isso. Obikwelu sempre viveu aqui, que dizer? E Derlei? Já disse que nunca jogaria na selecção Portuguesa mas hoje li no Público umas declarações de Madaíl, “Vivemos num mundo de globalização, e porque não, em caso de necessidade, recorrermos áqueles que falem a nossa língua, tenham a nossa mentalidade e até gostem de batatas com bacalhau”.
E como obter uma nacionalidade? Depende das leis nacionais, das quotas, das regras e processos administrativos, enfim!, do que o Estado necessitar. Repito, não é Xenofobia nem Nacionalismo, é só um receio que o desporto fique desvirtuado, ainda mais, por causa do poder económico. Tenho medo que o desporto seja uma excepção às leis de trabalho infantil, às leis de imigração, enfim, que seja uma excepção ao enquadramento geral. Onde está o problema? Está em definir que nacionalizações são aceitáveis e quais não são. E como definir isso? Por terem um grau de subjectividade elevado sei que os meus critérios não devem ser os melhores, só não quero excepções à lei geral nem federações a comportarem-se como clubes. Disse!
5 Comments:
At 1:25 da manhã, Unknown said…
Nos casos que citas foram seguidas as leis normais de naturalização.
Nada de especial.
O problema é outro.
Desde que entramos para a malfadada CEE/CE/UE que a nacionalidade deixou de ser o jus solis e passou a ser o jus sanguinis, como é de norma em todos os países da UE (o último, a Irlanda, mudou há pouco tempo).
Isto é, quem nasce em Portugal só é português se os seus pais o forem!
De sublinhar que em Portugal nunca foi assim. Estas legislações racistas e xenófobas impostas do exterior vão totalmente contra a tradição portuguesa.
Ora, é permitido, a um miudo que nasça em Portugal de pais estrangeiros optar aos 18 anos pela nacionalidade portuguesa.
Mas, segundo me foi contado por um cabo-verdiano, só teoricamente é assim. Os processos vão ficando esquecidos...
O mesmo creio acontecer nos processos de naturalização.
E a excepção creio estar aqui. Um processo de naturalização de um desportista com um clube por trás é provavelmente muito mais rapido do que o processo de naturalização de um trolha cabo-verdiano sem nenhum clube a ajuda-lo.
At 9:55 da tarde, Politikus said…
Concordo contigo, mas já reparas-te se não fossem permitidos atletas q tenham sido nacionalizados, os EUA, não tinham quase atletas, ah pois é....
At 2:43 da manhã, Helena Romão said…
Parece-me que o problema de que falas no 2º parágrafo está mal colocado: o que me choca é uma pessoa (sobretudo um adolescente) ter que sair do seu país porque não tem condições para fazer o que quer profissionalmente, ou pior, porque não tem condições de sobrevivência. Isso é que é terrível.
Quanto às naturalizações, acho que o mal é a diferença entre a facilidade da naturalização para estes atletas, porque nós lucramos medalhas e campeonatos com essas naturalizações; e uma simples autorização de residência é quase impossível para todos os outros imigrantes, que nos trazem benefícios menos mediáticos, mas de igual importância.
E só mais uma achega a um dos comentários a este post: a selecção dos EUA, a da França (futebol e jogos olímpicos), a do Reino Unido...
At 2:53 da manhã, Ricardo said…
Helena,
A questão que coloco no segundo parágrafo é válida para todos os atletas que têm sucesso desportivo e para aqueles que acabam por não vingar. Para cada caso de sucesso que conhecemos estão milhares que desconhecemos.
O problema está nas excepções relativamente a outras profissões.
Quanto às outras selecções não vou negar o óbvio mas também não altera as minhas opiniões. Que espírito olímpico estamos a atingir quando as federações comportam-se como clubes e quando há excepções à lei geral no desporto? Antes de mais, é imoral! principalmente para todos aqueles que trabalham neste país e não conseguem nacionalidade Portuguesa ou um simples visto que permita trabalharem aqui.
At 11:25 da manhã, Anónimo said…
rafapaim: ora bem pai brasileiro... mãe portuguesa... pelos vistos (e caso fosse um atleta de alta competição!) tinha de escolher a selecção com cuidado! Se fosse voleibol arriscava o Brasil, Hoquei claro que Portugal, futebol... deixem-me ser Grego!!!
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