(138) Marcos da Banda Desenhada Americana: Os Super Heróis, da criação ao cinema (2)
Homem Aranha...
Os anos 50 ditaram a “morte” de quase todas as publicações de super-heróis nos EUA. A guerra tinha terminado e a economia prosperava, não havia mercado para os defensores da pátria. Para o retrocesso dos super heróis também contribuiu uma maior confiança na força do homem, este tinha inventado a Bomba Atómica. Nada poderia deter a força dos EUA nem eram necessários super soldados para defender uma América segura de si nos anos 50.
Mas na década de 60, tudo mudou! Deu-se uma verdadeira proliferação de novos Super Heróis pelas mãos de Stan Lee, que ainda hoje perduram. A segurança que o nuclear dera aos Americanos era agora uma ameaça, nas mãos do “inimigo”. O nuclear ameaçava mudar a rotina dos cidadãos americanos comuns.
Peter Parker é picado por uma aranha radioactiva e transforma-se no Homem Aranha (1962). Bruce Banner é atingido por uma explosão nuclear e passa a dividir a sua vida com o alter-ego, o Incrível Hulk (1962). Quatro pessoas são expostas a energias radiactivas no espaço e sofrem mutações que os transformam no Quarteto Fantástico (1961). O jovem Matt Murdock fica cego e com os seus outros sentidos apurados ao entrar em contacto com lixo radioactivo, tornando-se no Demolidor (DareDevil, 1964).
Estes heróis continuam a ser nobres, patrióticos (colaboram com o sistema) mas mais trágicos. O mundo era um lugar trágico para se viver nessa década, não se podia garantir a segurança do cidadão Americano. O nuclear e a ameaça tecnológica podiam alterar o dia-a-dia, as relações, os empregos dos Americanos e isso reflecte-se na tentativa destes trágicos heróis tentarem manter as suas antigas rotinas, a sua normalidade num mundo cruel. O mundo obrigava os EUA a reagir, essa era a convicção corrente nesta década. É o medo da classe média Americana do desconhecido, do nuclear. É a América a tentar continuar a viver apesar do medo.
Mas esta década também é marcada pela criação dos X-Men. O sonho de qualquer adolescente, a esperança e o medo de ser diferente. Mas a temática caíu que nem uma luva nas minorias já que os X-Men são mutantes, nasceram assim, e só querem ser integrados na sociedade, só querem ser compreendidos. O livro destaca as diferenças como uma qualidade, não como um defeito. Reflexo duma América a ferro e fogo com problemas raciais. A BD torna-se cada vez mais um escape aos problemas sociais, a solução milagrosa.
Continua ... A BD a piscar o olho para leitores mais maduros ...
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