(149) Janelas para outras opiniões (2) – Cabalas
Cabalas
Outro blog que visito regularmente é o Cabalas. Nascido em Novembro de 2003 este blog, gerido pelo Álvaro (que utiliza o nome Raio), pretende denunciar os malefícios que a União Europeia trouxe ao nosso país. O lema diz tudo! Onde nos leva a integração europeia? Este lema vem acompanhado pela sugestiva pintura que reproduzo em cima. O “Raio” também tem um ódio de estimação pelos nossos vizinhos espanhois. Veja-se alguns dos temas explorados neste blog:
- “Estamos a ser comprados? E por baixo preço?”
- “Que fazer com o Pacto de Estabilidade e Crescimento?”
- “As pescas (ou a pirataria?)”
- “Opus Dei, a União Europeia e a reciclagem dos fascistas”
- “Assim vai a União Europeia...”
- “Mais critícas à Constituição Europeia”
O Demónio
As nossas opiniões não podiam ser mais contrárias e alguns debates acesos verificaram-se.
“Por outras palavras, o que o Ricardo disse pouco significado tem, é só uma frase de propaganda, da propaganda que nos é instilada todos os dias.” (O Raio)
“(...) assumes sempre que todos os que não concordam contigo são vítimas de propagandas do mal e não têm capacidade de distinguir o bem do mal!” (O Filho do 25 de Abril)
“(...)o risco de fazer raciocínios sem fundamentação teórica, depois que os defensores da União Europeia, no desespero de ver o seu ideal a sosobrar agarram-se a tudo o que podem para o defender…” (O Raio)
“Só queria protestar o facto de teres escrito um post bem agressivo (novamente!) duvidando da minha honestidade intelectual (...)” (O Filho do 25 de Abril)
Há muito que desisti de tentar discutir assuntos Europeus com o “Raio”, simplesmente não há consenso possível. Esgrimimos argumentos e cada um de nós manteve-se fiel ao que acredita. Sempre com a coerência possível de quem acredita que está certo. Eu acredito que a UE tem muitas falhas mas é um bom projecto para a estabilidade e desenvolvimento do Continente, ele acredita que a UE acabou com a nossa economia e nos está a retalhar. Ponto a favor do “Raio”, a coerência da maior parte dos seus estudos apesar de muito orientados pelas leituras que recomenda no seu Blog, a maioria ferozmente anti-UE e anti-Espanha.
O que me leva a visitar este blog? O contraditório é a melhor maneira de cimentar as nossas convicções. Costumo dizer a um amigo meu que ser o Advogado do Diabo, mesmo quando estamos de acordo, é a melhor maneira de ultrapassar as fragilidades das nossas convicções. Pena é que o calor da defesa das nossas convicções nos leve frequentemente a exaltações que só prejudicam o debate de ideias. De qualquer maneira a continuar a visitar...
Continua... Janelas para outras opiniões...
6 Comments:
At 9:33 da tarde, Politikus said…
Conheço o blog e até o leio com bastante regularidade, apesar de entar em "confronto" sempre educado com o autor.
At 10:03 da tarde, Ruvasa said…
O mal de todos os fundamentalismos - não estou a sugerir que o "Raio" ou tu por qualquer um estejam tomados e tu não o estás certamente, pelo que já pude constatar - é que levam a um extremar de posições que inviabilizam qualquer troca produtiva de ideias, o enriquecedor e vivificante contraditório, portanto.
Quanto ao fundo da questão, o que é certo é que nem ele nem os que com ele são anti-UE parecem estar dentro da plena razão. De igual modo, quem ao contrário pensa não o está igualmente. Não se conhecem extremos razoáveis.
A UE tem componentes de excelência - assenta, aliás, numa ideia excelente, ela mesmo - e vertentes menos aceitáveis. Como tudo na vida. A sabedoria estará no aproveitamento do que é bom e no aperfeiçoamento do que o é menos.
Quanto à questão de continuares a frequentar o blog do Raio, se me permites a opinião, acho que é a atitude mais consistente que poderias tomar, prova de adequada maturidade cívico-político-democrática.
A contradita - a sua possibilidade e a completa assumpção - constitui a mola real de qualquer sociedade democrática que se preze. A contradita é, por si só, a própria Democracia em todo o esplendor das virtualidades que a enformam.
O resto? Conta pouco para o saldo final.
At 1:35 da manhã, Unknown said…
Agradeço a simpática e, provavelmente, imerecida menção que fazes ao meu Blog.
Da leitura dos teus comentários cheguei à conclusão de que não me tenho conseguido fazer compreender e estou a preparar um comentário mais extenso que, em devido tempo, publicarei no meu blog.
Não quero é deixar passar em branco uma frase tua que me entristeceu profundamente, "não há consenso possível".
Eu acho que há. Eu não sou nem anti-europeu nem anti-espanhol. Não tenho ódio de estimação aos espanhóis. Espanhóis, habitantes da Hispânia somos nós todos.
Os Reis Católicos é que se apropriaram indevidamente do nome, tendo na altura D. João II protestado.
Aliás, a pintura que tenho na abertura do meu Blog é de um artista espanhol (catalão), Salvador Dali. E, a que tinha dantes também era dele.
É o meu artista favorito.
Como não sou anti-europeu. Se em 1986 tivesse havido um referendo para Portugal aderir à então CEE eu, como a maioria dos portugueses, teria votado, provavelmente, "Sim".
Eu sou, por esta ordem, cidadão do mundo e português. Mas o meu espirito internacionalista de nenhuma forma se coaduna com a formação de impérios racistas, xenófobos e antidemocráticos como a UE está a ser (senão como explicas esta oposição toda à adesão da Turquia?)
Por outro lado os meus parcos conhecimentos de História levam-me a concluir que a UE, como todos ou quase todos os impérios multinacionais, feitos à régua e esquadro, acabará num banho de sangue, numa Juguslávia à escala continental.
Acho também que a adesão de Portugal à UE está a prejudicar fortemente o país. Nunca ninguém me conseguiu demonstrar o contrário.
Além de que não duvido de que as minhas opções contra a UE não são de ordem ideológica, são de ordem lógica. Por fim, não confundo Europa com União Europeia.
At 2:48 da manhã, Ricardo said…
Caro Raio,
Uma pequena resposta ao teu comentário! Quando digo que não há consenso possível refiro-me ao facto que as nossas visões da UE não têm encontro possível.
Quanto ao Salvador Dali só recomendo o teu bom gosto, já que este catalão é o responsável pelo meu recorde de tempo dentro dum museu.
Sobre a UE há coisas que me deixam também profundamente desagradao mas não invalida a minha ideia de que é um bom projecto para a Europa. Para já conseguiu algo inédito, paz e estabilidade entre os seus membros, um recorde europeu.
Por fim, e porque também reservo-me o direito a ser selectivo nos comentários, a Turquia. Não é racismo, não é xenofobia, nem é anti democrático rejeitar um país que ainda não cumpre os critérios relativos aos Direitos Humanos. E só espero que a Turquia entre na UE quando mudar algumas leis inaceitáveis para os nosso padrões. Só espero que a pressão dos EUA (como moeda de troca à contenção turca com os curdos) não nos faça mudar de opinião.
At 3:15 da manhã, Unknown said…
Caro Ricardo,
"as nossas visões da UE não têm encontro possível"???
Porquê? Da discussão nasce a luz.
"Sobre a UE há coisas que me deixam também profundamente desagradao mas não invalida a minha ideia de que é um bom projecto para a Europa"
E porque é que a Europa precisa de um projecto. Creio que quem precisa de um projecto é o Mundo, a humanidade.
A Europa é só um continente.
"Para já conseguiu algo inédito, paz e estabilidade entre os seus membros, um recorde europeu"
Este é um dos argumentos mais queridos dos partidários da UE. Infelizmente não tem pernas para andar. Devemos 50 anos de paz na Europa à NATO e ao Pacto de Varsóvia, em partes iguais. Logo que desapareceu o Pacto de Varsóvia recomeçaram as guerras (Juguslávia). Se tivesse sido a NATO a desaparecer não duvido que também teriam aparecido outras guerras.
A UE é totalmente alheia a este problema. Quanto à tão falada inimizade entre a França e a Alemanha a que se atribuí tanta guerra na Europa não passade reengenharia da História.
Lendo jornais e livros da década de 30 (tenho uma colecção) ficamos espantados com muitas coisas. A popularidade de Hitler em França, por exemplo (ver J'accuse! The Inside story of the men who bettrayed the french nation por André Simone). Ou o facto do filme de Leni Riefenstahl ter ganho um prémio em Marsellha pelo seu filme sobre o Congresso do Partido Nazi (O triunfo da vontade).
Quanto à Turquia podes ter toda a razão. Só não me consegues é explicar porque é que os países bálticos que de nenhuma forma cumprem os direitos humanos (as minorias russófonas não têm sequer direitos cívicos) foram tão facilmente admitidos na UE com o argumento de que se trata de assuntos internos desses países.
Quando digo que a UE é anti-democrática não é só pelo problema turco é principalmente porque as opiniões que discordam da UE terem as suas audiências cerceadas.
(durante a campanha eleitoral viste o Manuel Monteiro na TV?)
At 3:22 da manhã, Unknown said…
Caro Ricardo,
"as nossas visões da UE não têm encontro possível"???
Porquê? Da discussão nasce a luz.
"Sobre a UE há coisas que me deixam também profundamente desagradao mas não invalida a minha ideia de que é um bom projecto para a Europa"
E porque é que a Europa precisa de um projecto. Creio que quem precisa de um projecto é o Mundo, a humanidade.
A Europa é só um continente.
"Para já conseguiu algo inédito, paz e estabilidade entre os seus membros, um recorde europeu"
Este é um dos argumentos mais queridos dos partidários da UE. Infelizmente não tem pernas para andar. Devemos 50 anos de paz na Europa à NATO e ao Pacto de Varsóvia, em partes iguais. Logo que desapareceu o Pacto de Varsóvia recomeçaram as guerras (Juguslávia). Se tivesse sido a NATO a desaparecer não duvido que também teriam aparecido outras guerras.
A UE é totalmente alheia a este problema. Quanto à tão falada inimizade entre a França e a Alemanha a que se atribuí tanta guerra na Europa não passade reengenharia da História.
Lendo jornais e livros da década de 30 (tenho uma colecção) ficamos espantados com muitas coisas. A popularidade de Hitler em França, por exemplo (ver J'accuse! The Inside story of the men who bettrayed the french nation por André Simone). Ou o facto do filme de Leni Riefenstahl ter ganho um prémio em Marsellha pelo seu filme sobre o Congresso do Partido Nazi (O triunfo da vontade).
Quanto à Turquia podes ter toda a razão. Só não me consegues é explicar porque é que os países bálticos que de nenhuma forma cumprem os direitos humanos (as minorias russófonas não têm sequer direitos cívicos) foram tão facilmente admitidos na UE com o argumento de que se trata de assuntos internos desses países.
Quando digo que a UE é anti-democrática não é só pelo problema turco é principalmente porque as opiniões que discordam da UE terem as suas audiências cerceadas.
(durante a campanha eleitoral viste o Manuel Monteiro na TV?)
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