(158) Cidade do Porto
Rotunda da Boavista, Porto
Eu e o Porto, minha cidade dos últimos anos, temos uma relação instável. Às vezes estou deslumbrado, outras estou desapontado.
Fico desapontado pela cidade ter falhado todos os objectivos do Porto, Capital Europeia da Cultura 2001. A herança foram obras de qualidade duvidosa e obras que ainda se eternizam. Em alguns casos obras que já vão ser demolidas ou que ninguém sabe o que fazer delas. Parques de estacionamento construídos onde o trânsito devia progressivamente desaparecer e um deles que ficará eternamente fechado (Castelo do Queijo) por erro ou dos arquitectos, ou dos engenheiros, ou dos empreiteiros ou dos políticos. Linhas de eléctrico que foram construídas e já estão a serem retiradas aos poucos. Uma agenda cultural que já nem existe desde que Rui Rio resolveu desinvestir em tão pouco nobre actividade.
Fico deslumbrado com o Metro Ligeiro. Não porque atravessa ruas onde passam carros mas porque foi um compromisso entre fazê-lo com baixos custos e manter a sua utilidade. Esta aposta vem dinamizar o Porto e os seus arredores, promete não ser um descalabro financeiro para as contas públicas. Permite mais mobilidade na cidade, eficiência energética e menos poluição. Promete revolucionar a cidade quando estiver definitivamente completo. Parabéns ao Prof. Doutor Manuel de Oliveira Marques, Presidente da Comissão Executiva.
Fico desapontado com outro problema nacional que também é cultural. A quantidade absurda de veículos mal estacionados nesta cidade. Não deve haver uma rua onde isto não aconteça agravado pelo facto do Porto ter ruas estreitas onde o mau estacionamento prejudica a circulação dos Transportes Públicos. Na novíssima Alameda das Antas, que visitei recentemente, dezenas de carros estacionados nos passeios degradam estes e tornam a circulação dos peões bem menos agradável. Sugeria uma verdadeira força de intervenção (que agisse activamente, não só por denúncia) bloqueando todos os carros mal estacionados e rebocando todos os que atrapalham a circulação automóvel. Para os que ficassem com o carro bloqueado sugeria também o sistema que existe em algumas cidades Europeias onde o dono do veículo tem que ir à esquadra pagar a multa e esperar perto do carro que o desbloqueiem. Assim à multa junta-se a perda de tempo, elemento essencial para começar a “educar” os condutores que acham os passeios um bom local de estacionamento. Pode parecer que não é uma questão essencial para uma cidade mas quando a dimensão do problema é tão grande diminui bastante a qualidade de vida urbana.
Fico deslumbrado, como sempre, com a beleza da cidade, das suas pontes e ruas, dos seus espaços verdes e praças. Mas deixo aqui um aviso para haver mais cuidado com o tipo de construção dos edifícios (há ruas tão heterogéneas no tipo de construção que tornam-se desagradáveis à vista) e com a acelerada degradação dos edifícios da cidade. Espero que o novo PDM (Plano Director Municipal) e a nova Lei do Arrendamento venham alterar este declínio da cidade.
2 Comments:
At 7:48 da tarde, Blogger said…
É sem, dúvida, uma cidade que me provoca sentimentos contraditórios. Ao contrário de Braga ou Guimarães, por exemplo, é uma cidade suja. Por outro lado, Braga não é exemplo de urbanismo... Por vezes parece uma cidade abandonada, mas ao mesmo tempo em obras permanentes. Aquela escarpa entre a ponte Luís I e a do Infante está feia. A D. Maria esquecida. Enfim...
At 9:19 da tarde, Politikus said…
Olha eu moro em Lisboa e acontece-me a mesma coisa, por vezes deslumbramento outras tristeza... Mas o encanto mantém-se.
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