Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

sábado, dezembro 11, 2004

(262) Sucessão de Notícias

O Presidente Sampaio finalmente fez uma declaração ao país anunciando o que todos já sabiam. Justificou a sua decisão com a incapacidade da maioria parlamentar encontrar formas de estabilidade Governativa. Acrescentou que o actual Governo gerou uma sucessão de acontecimentos que minaram a sua própria credibilidade. Sem discordar da decisão do Presidente acho que este Governo era um nado morto e que nunca devia ter tido uma oportunidade. O perfil do Doutor Santana Lopes sempre foi inadequado para gerir um país a menos que fosse por vontade expressa dos portugueses. O seu passado falava por ele, com as suas aventuras desportivas e mediáticas, a sua incontinência verbal, as suas desastrosas experiências autárquicas. Ainda hoje soubemos que a sua gestão na Figueira da Foz foi apontada pelo Tribunal de Contas como danosa e nem preciso de falar de como Lisboa foi deixada após a sua gestão.

A expectativa centrava-se na aprovação ou não do Orçamento mas já se previa, dada a data escolhida do discurso do Presidente, que este Orçamento ia passar. Considero-o um péssimo Orçamento e a sua aprovação retira credibilidade à decisão de dissolução mas compreendo o receio do Presidente que o país vivesse em duodécimos. É uma decisão polémica mas compreensível.

Por isso a explicação do Presidente nem foi a notícia do dia! Mais interessante foi observar os tiros no pé de Paulo Portas que ainda há dois dias anunciava com pompa e circunstância contratos e postos de trabalho para a Bombardier. O grau de concretização do negócio ainda é incerto e foi anunciado como certo. Ontem foi desmentido pelo também ministro Álvaro Barreto e hoje o Ministro da Defesa veio corrigir as suas próprias palavras. A demagogia anda à solta neste país!

Mas a notícia do dia, na minha opinião, foram as declarações de Dias Loureiro. Se somarmos estas declarações às de Morais Sarmento no dia anterior percebe-se que o próprio Primeiro Ministro já não sentia condições de governabilidade e ponderava demitir-se. Esvazia por completo as suas já poucas justificações para fazer-se de vítima! Ele próprio já sentia a situação fugir-lhe ao controlo! Discordo é que o PS possa basear a sua campanha na ideia que os outros são piores e na ideia que se não votarem PS vão ter mais desgoverno. O próprio PS tem que afirmar a sua alternativa pela positiva ou arrisca-se a que a memória vá apagando com o tempo a sua vantagem relativa.