Filho do 25 de Abril

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quarta-feira, março 09, 2005

(353) Memória Selectiva

Confesso que tenho andado divertido! O “Paulinho das Feiras” é uma personagem que nos faz rir e até chorar (de tanto rir, claro). Agora resolveu limpar a casa de retratos e outras “velharias” antes de ir embora. E porque é um rapaz poupado enviou o espólio para o Largo do Rato, sede do PS.

Eu já sabia que o PP (ou será CDS, ou ainda melhor, CDS/PP) não tinha identidade e andava à procura de uma. Não se trata dum partido com várias correntes internas como o PSD ou o PS, simplesmente não sabe o que defender ou adora a Metamorfose, do Kafka. Às vezes é centro, outras é direita, outras é esquerda. Às vezes é popular, outras é patronal, muitas vezes é conservador. Mas o problema nem está nesta confusão ideológica. O verdadeiro problema do PP é que a sigla não significa Partido Popular mas sim Paulo Portas. Toda esta confusão e desorientação nasce da personalidade “saltitante e irrequieta” do nosso “homem de Estado, ex- Paulinho das Feiras”.

Mas o legado deste grande homem não fica por aqui! Agora tenta reescrever a história do PP. Um dia dirá que nem existiu CDS, apenas existiu o PP de Paulo Portas. Adriano Moreira nem menciona, Freitas do Amaral é um taliban (no sentido do terrorismo político, claro), Manuel Monteiro um ladrão de votos. Apenas tem na memória o cerco ao Palácio de Cristal porque gosta de se imaginar no meio da confusão a gritar “Eu estou aqui”, enquanto andava pela social democracia encantado com Sá Carneiro. E também tem na memória Amaro da Costa, que nem líder do CDS foi mas que novamente Portas acha que representa o herói que ele gostaria de ser e não é.

A história não se reescreve, apenas pode ser julgada. O julgamento popular que Portas quer fazer não tem nada a ver com o passado, apenas tem a ver com o futuro, ou melhor, com a história que ele quer que se escreva no futuro. Eu gosto de história, mas tenho pouca vontade de ler estórias, ainda mais escritas por quem acusa os outros de serem extremistas quando ele próprio tem uns tiques muito parecidos aos que Fidel Castro costuma ter. E que melhor elogio que este para acabar esta estória.

É caso para dizer que Paulo Portas deixa o PP sem identidade nem história, mas com muitas estórias...

2 Comments:

  • At 1:47 da manhã, Blogger Pedro F. Ferreira said…

    O grande problema do PP (o Partido) é o facto de nunca ter sido representante efectivo de nenhuma ideologia. Mesmo quando se assume como representante da direita, não sabe que direita representa. Assim, temos que perceber que a direita de Freitas não é a de Adriano Moreira. A de Monteiro não é a de Portas. Nenhuma destas foi a de Lucas Pires. só assim se explica que os que lideraram esse partido se tenham afastado do mesmo.

     
  • At 9:57 da manhã, Blogger pindérico said…

    Daquela tão anedótica pose de homem de Estado, quem pode esperar outros impulsos?

     

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