(346) 77th Academy Award
Ficam para a posteridade alguns apontamentos dos momentos da noite. Destaco:
- Vídeo de Abertura: Vêr Chaplin a interagir com Shrek foi, sem dúvida, um momento de televisão engraçado.
- Chris Rock: Confesso que a gritaria deste comediante não encaixa bem com o meu gosto pessoal. Rock foi irreverente, incontrolável e crú. Os comentários a Nicole Kidman (ironizando o seu sorriso aberto quando perdeu o Óscar para Halle Berry), Tobey Maguire (Não é um actor, "Is just a boy in tights") e Jude Law foram violentos. Sean Penn acabou por deixar uma alfinetada a esta abertura de Chris Rock. Foi implacável nas questões políticas e com Bush tocando num ponto sensível para os Americanos, a guerra. Rock foi mais um comediante de Stand Up Comedy que um apresentador. Uma abertura sem o glamour doutros tempos e com uma duração curta.
- Formato da Cerimónia: As alterações não funcionaram bem. Retiram brilho a algumas categorias e não são momentos televisivos funcionais. As entregas com todos os nomeados no palco, as entregas na plateia e as entrevistas de rua só servem para esvaziar a grande força da cerimónia, a aura de glamour que envolve os prémios. Outra "contrariedade" que não estava habituado a ver foi a quantidade de cadeiras vazias que apareceram nas imagens.
- Actor Secundário: Na talvez mais concorrida categoria ganhou Morgan Freeman. Não preciso dizer nada da qualidade deste actor que à quarta nomeação ganhou o primeiro Óscar.
- Actriz Secundária: A arrepiante interpretação de Cate Blanchett de Hepburn valeu à primeira o seu único Óscar até à data e diria que o quarto para a segunda. Merecido!
- Improviso: De Jeremy Irons quando se ouviu um barulho de fundo, ou melhor, um estrondo ("I hope they missed").
- Argumento(s): Para Sideways e Eternal Sunshine of a Spotless Mind. Uma escolha equilibrada da Academia para não deixar esquecidos os filmes mais criativos do ano.
- Actriz: Annette Benning perde novamente para Hilary Swank num ano em que a Academia não fez compensações por injustiças do passado. Este Óscar era incontornável.
- Actor: Jamie Foxx foi o actor do ano com duas nomeações e o Óscar para melhor actor. Foi a intervenção da noite mais engraçada e emotiva numa cerimónia muito robótica e desinteressante. Para DiCaprio deixo as palavras da filha de Jamie Foxx, "If you don´t win you´re still good"... não porque ache que DiCaprio seja um actor de eleição mas porque está a trabalhar para tentar ser.
- Realizador: O Óscar mais aguardado. Clint Eastwood ganhou. Foi merecido. Os pontos fortes de Million Dollar Baby eram os actores e o realizador que suplantaram um argumento que não seria tão forte sem os primeiros. Uma palavra muito pessoal para Scorsese... não deixas de ser, para mim, o melhor realizador em actividade apesar de nunca teres ganho um Óscar.
- Filme: Ganhou Million Dollar Baby porque foi o filme mais intenso e equilibrado do ano.
- Balanço: Ao mesmo tempo que a cerimónia perde glamour, a Academia aposta num maior sentido de justiça não capitulando a um eterno ciclo de compensações. Com honrosas excepções ganharam os melhores do ano mas sem o brilho de outros tempos. Sugeria que voltassem a apostar numa cerimónia mais "orgânica" e menos "metálica".
3 Comments:
At 5:33 da manhã, Anónimo said…
Excelente análise Ricardo! De facto foi uma cerimónia maçadora concordo, mas como estava a trabalhar nem notei muito. um abraço e obrigado pelas palavras elogiosas...
At 2:31 da tarde, rafapaim said…
Em tudo os americanos costumar criar e fazer "show off"... mas realmente este ano resolveram "poupar" naquela que é uma das festas mais interessantes de se ver! Em relaçao aos premios acho que a coisa correu mais ou menos bem (ate pareceu justo!)! E o momento Shrek/Chaplin foi mesmo 5 estrelas!
At 10:55 da tarde, pindérico said…
Não vi toda a cerimónia mas, do muito que vi, dá para concluir que as alterações introduzidas não beneficiaram em nada o espectáculo. Também acho que continua em falta o oscar de Scorsese, mas não era agora!
Enviar um comentário
<< Home