(344) Sala de Cinema: The Aviator, de Martin Scorsese
"Joins 'Goodfellas,' 'Casino' and 'Gangs of New York' in what could be called Scorsese's 'American History' series of epics about fatally flawed, even criminal visionaries..."
John Beifuss, COMMERCIAL APPEAL (MEMPHIS, TN)
A parceria Scorsese/ DiCaprio está a (re)vitalizar a carreira de ambos. Scorsese “empresta” todo o seu talento (e obsessão) a DiCaprio e este produz e atrai investimento para os filmes de Scorsese além de construir uma carreira de actor “adulto” ultrapassando o “estigma” de Titanic. “Gangs of New York” foi a primeira cooperação e o resultado final é um filme com uma carga visual impressionante retratando um período importante da história da cidade e do país. Após “The Aviator” já há uma nova colaboração agendada, o drama criminal “The Departed”.
“The Aviator” narra a vida de Howard Hughes (Leonardo DiCaprio), ou para ser mais exacto, uma das fases mais interessantes da vida deste multimilionário. Não é fácil fazer uma biografia e muito menos no grande ecrã sobre Hughes mas o projecto caiu em boas mãos. O argumentista tinha um dilema. Ou escrevia toda a sua vida ou ficcionava sobre uma parte e decidiu optar pela segunda hipótese o que foi uma decisão inteligente. Tem um argumento eficaz.
O filme concentra-se na relação de Hughes com o cinema, a aviação e as mulheres não se dispersando noutros negócios como o petróleo, casinos e hoteis. O comportamento obsessivo de Hughes é bem gerido e nota-se a progressão de forma natural desde o criador frenético de cinema com Hell´s Angels até ao destruidor paranóico que se encerra numa sala de projecção.
Scorsese é, como sempre, perfeccionista e este filme está repleto de grandes planos, pormenores técnicos curiosos e passagens entre cenas magistrais. Só os efeitos digitais atrapalham um pouco esta estética porque Scorsese não é um cineasta que os saiba usar bem. As interpretações estão à altura das celebridades que encarnam. Leonardo DiCaprio ultrapassa definitivamente a imagem de actor sem espessura que o filme Titanic ajudou a criar. As cenas na sala de projecção são visualmente poderosas (com o filme a interagir com a personagem) e DiCaprio entrega-se de corpo e alma nessas cenas (como em todo o filme), resultando em imagens que ficam para a posteridade. Mas não é só DiCaprio que brilha neste filme...
Já sabíamos que Cate Blanchett é uma excelente actriz mas poucas vezes tem a oportunidade de mostrar todo o seu talento como neste filme que interpreta magistralmente Katharine Hepburn. Não sei se é uma cópia fiel da original mas também não me interessa, o que sei é que o seu carisma e energia são uma lufada de ar fresco num filme que retrata as décads de 30 e 40 em Hollywood, décadas onde o glamour estava no seu apogeu. A cena da viagem de avião durante a noite onde Hughes e Hepburn partilham uma garrafa de leite (ele era germofóbico) é intensa. Kate Beckinsale também está “cintilante” na pele de Ava Gardner. As festas e as estreias são o cenário perfeito para enquadrar estas “estrelas” no filme.
O final distorce um pouco a vida de Hughes mas dá consistência ao filme como um todo.
Para mim os filmes de Scorsese nunca são fáceis de digerir no primeiro visionamento mas têm a faculdade de envelhecerem bem. Tenho a certeza que este filme também vai saber envelhecer e ser cada vez mais interessante à medida que vamos notando em mais pormenores. A ver e a rever com regularidade!
1 Comments:
At 1:52 da tarde, gonn1000 said…
Pois o filme foi para mim uma desilusão, embora perceba que tem méritos capazes de atrair alguns...
E obrigado por icluires o meu blog na lista de links :)
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