Filho do 25 de Abril

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sábado, fevereiro 26, 2005

(342) Martin Scorsese (6 de 6)




É já neste século que Scorsese começa a sua colaboração com a Miramax e com Leonardo DiCaprio, o seu novo actor fetiche. Gangs of New York (2002) passa-se durante a Guerra Civil Americana e retrata o desenvolvimento da cidade de Nova Iorque numa época conturbada de incerteza. Desta vez não há lugar para complicadas relações de força subtis como nos seus anteriores filmes sobre a criminalidade organizada nos Estados Unidos. Aqui tudo é explícito e crú. Daniel Day Lewis é excelente no papel de Bill "The Butcher" Poole, um papel claramente preparado para Robert DeNiro mas que este recusou representar por não querer passar tantos meses na Europa.






A cena que abre o filme é arrasadora com a luta entre os diferentes gangues numa Nova Iorque coberta de neve. Inesquecível! Depois Scorsese comete um erro ao tentar contar duas histórias paralelamente, a de Amesterdam (Leonardo DiCaprio) e a da cidade, uma personagem viva neste filme. Um erro porque Scorsese nunca decide a qual das histórias dar mais importância. No fim não se percebe onde está o clímax com tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo. Também é pena Cameron Diaz não estar à altura do desafio que foi este filme.

A relação entre o “Butcher” e Amesterdam é intensa porque os sentimentos de vingança e os sentimentos paternais andam em constante conflito. A cena em que Amesterdam acorda e está a ser observado por um “Butcher” enrolado na bandeira americana é uma das cenas mais intensas do filme e uma das mais conseguidas relações entre personagens que já vi no cinema de Scorsese. “Butcher” mostra aí todo o seu lado humano criando uma empatia imediata com o espectador mesmo que este ainda não tenha esquecido as atrocidades anteriores da personagem. Também não vou esquecer a cena em que “Butcher” entra em cena "montado" num carro dos bombeiros acompanhado pela banda sonora do filme. É a violência que abre o filme, é o motor do filme e é através dela que regressa a tranquilidade.

Scorsese não é uma garantia de receitas nas bilheteiras onde muitas vezes fracassa mas o sucesso de um homem não se mede pelo dinheiro que faz nem pelos prémios que recebe. O sucesso deste realizador mede-se pela quantidade de filmes que criaram emoções fortes nos seus espectadores e na forma como deixa marcas duradouras na Sétima Arte.


Este é o meu pequeno elogio à obra de Martin Scorsese!

"I just wanted to be an ordinary parish priest."

1 Comments:

  • At 7:23 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    OIEEE!
    to com internet em casa! aparece :)

     

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