564. As “ventoinhas” não resolvem tudo...
Portugal tem um problema energético que podemos considerar como grave! A dependência energética em relação ao exterior é muito grande e tende a agravar-se à medida que os preços dos combustíveis fósseis aumentam. A aposta (que foi reforçada) na energia eólica é importante mas não vai resolver o problema de fundo. Passo a explicar!
A electricidade é apenas ¼ do total da energia consumida no país (também já li que era 1/5, mas para o que vou expor esta diferença é irrelevante)! Deste modo a combinação de energia eólica com outros meios de extracção de energia tradicionais ou inovadores só vai resolver uma pequena parte do problema. Mesmo com vontade política a energia eólica (e outras energias renováveis) só deverá resolver metade das necessidades em energia eléctrica, ou seja, 1/8 ou 1/10 do total da energia consumida no país. Mesmo com esta aposta, que considero importante, vamos continuar demasiado expostos à evolução do mercado mundial.
Por isso acho preocupante a paralisia de Portugal (e também da Europa) em relação a este problema. Só vejo duas saídas no curto prazo. Uma é reduzir e tornar mais eficiente o consumo de energia (tanto a fóssil, como a proveniente de gás natural e também a eléctrica). Não basta regular a oferta e os seus preços mas também regular a procura. Não sei como é que é tecnicamente possível fazer isto mas é urgente encontrar soluções e incentivos à poupança. Outra saída possível é reforçar (e bastante) os incentivos fiscais para soluções que reduzam o consumo de petróleo, tanto nas unidades industriais, como nos particulares e também nos transportes públicos. A reconversão das tecnologias parece-me essencial para diminuir a dependência ao exterior assim como para combater as externalidades negativas que a poluição causa. É importante começar a agir já!
Que podemos fazer mesmo que não surjam soluções governativas? Usar transportes públicos, comprar carros com consumos baixos (idealmente carros híbridos quando baixarem de preço), usar o automóvel com mais do que uma pessoa, comprar electrodomésticos que gastem menos energia, colocar nas habitações janelas duplas e outras soluções que dispensem gastos avultados em aquecimento e/ou ar condicionado, entre outros pequenos passos essenciais ao nosso futuro. Repito, é importante começar a agir já!
10 Comments:
At 2:30 da manhã, H. Sousa said…
Estou de acordo com tudo, menos com o título. Pode pretender significar que não vale a pena. Alerto para o facto de, em caso de produção excessiva de electricidade, esta poder ser convertida em hidrogénio. O hidrogénio poderá então ser usado para queima ou utilização nos transportes. Venham as ventoínhas.
O grande potencial de poupança está, efectivamente, nos transportes colectivos em geral, devendo dar-se prioridade ao transporte urbano e ferroviário. Mesmo sem tecnologias novas, bastaria dispormos de bons transportes públicos para que muitos pusessem de parte o transporte individual. É por isso que acho que se deveria substituir o investimento no TGV por investimento nos transportes públicos.
At 12:47 da tarde, Ricardo said…
TNT,
Quis sublinhar que as "ventoinhas" só resolvem uma pequena parte do problema e, por isso, o título. Não percebo nada das questões técnicas e não sei se a produção excessiva é economicamente viável (não baste ser tecnicamente viável).
Os transportes colectivos são, de facto, uma aposta importante. E, acima de tudo, é importante retirar a importância dos automóveis dentro da cidade. A nova linha do metro no Porto inaugurada ontem é um bom exemplo do que deve ser feito. Quanto ao TGV não tenho nada contra desde que me apresentem estudos de viabilidade que defendam esta hipótese seriamente.
Abraço,
At 5:42 da tarde, mfc said…
Por cá constrói-se como se fossemos um país de Invernos amenos, o que não é verdade.
Se comparados com latitudes mais altas... seremos apenas mais amenos.
O que é certo é que há frio e bom frio.
se as casas fossem bem mais isoladas muita energia se pouparia.
Isto levava-nos muito longe, não é?
At 7:56 da tarde, H. Sousa said…
Não percebo nada das questões técnicas e não sei se a produção excessiva é economicamente viável (não baste ser tecnicamente viável).
É técnica e economicamente viável. Porque, quando se aproveita energias dadas gratuitamente pela natureza, se não se usam, perdem-se. Se se produzir hidrogénio, não se perde tudo. Exemplo: imagine-se uma barragem cheia de água. Se essa água não passar pelas turbinas, tem que se deixar correr para o mar. Uma hipotética empresa para produção de hidrogénio laboraria só quando houvesse energia em excesso e deveria comprar a electricidade a um preço compensador.
mfc tem muita razão no que respeita à construção. Tem-se generalizado entre os novos-ricos deste país que ter aquecimento e ar condicionado é que é fino. Mas enganam-se. Ter uma casa bem construída de raíz é que devia ser fino.
At 7:56 da tarde, Anónimo said…
Entramos no marasmo que até custa pensar. O problema de Portugal é que se habituou a ter as coisas à mão de semear não pensando em alternativas e as cabecinhas dos pensadores foram ganhando caruncho.Agora, é que vai ser a doer. Pode ser que neste país de sofredores surja uma cabecinha iluminada.Esperemos.Bom Domingo.
At 9:23 da tarde, Ricardo said…
mfc,
A qualidade da construção e as energias disponibilizadas nessa habitação são, de facto, essenciais para resolver este problema. Mesmo com climas amenos é preciso não incentivar o uso de aquecimento/ ar condicionado.
Realmente levava-nos muito longe...
Abraço,
At 9:27 da tarde, Ricardo said…
TNT,
Obrigado pelo esclarecimento!
A qualidade da construção, como tu e o mfc sublinharam, é essencial para a resolução do problema energético. Fica ainda por definir é como diminuir, no curto prazo, a dependência dos combustíveis fósseis. Não basta uma política activa de tranportes colectivos, é preciso ter alternativas no parque automóvel.
Abraço,
P.S. Já comentei o teu comentário :) sobre as manifestações!
At 9:29 da tarde, Ricardo said…
Arte por um Canudo,
Não nos devemos preocupar... depois do marasmo vem sempre a obrigação de nos mexermos mais depressa. O pior é que parece que o "marasmo" está bem protegido por mecanismos de protecção!
Vai ser mesmo a doer e na exacta proporção do marasmo em que estivemos enfiados.
Abraço,
At 11:30 da manhã, xipsocial said…
A energia eléctrica produzida a partir de recursos renováveis, como disse TNT é uma solução para a produção de hidrogénio tendo em vista a sua aplicação aos transportes. Trata-se de um ponto de partida importante para levar a cabo a implantação de uma tecnologia que representa o futuro dos transportes públicos e privados. Repare-se que além de erradicar a utilização do petróleo (já nos próximos 30 anos), permite também respeitar as directivas do protocolo de Quioto visto não produzir quaisquer emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera. Portanto a energia eólica e a energia solar tal como a energia das ondas são fontes a explorar fortemente, sem receios de não solucionarem todos os nossos problemas, porque são na realidade as únicas alternativas que se conhecem e que não representam riscos como acontece com a fissão nuclear. Dentro de 2 décadas, teremos ainda, possívelmente, a tecnologia de fusão nuclear que virá completar o conjunto de energias limpas que utilizaremos no futuro.
A questão da optimização energética é também de elevada importância visto poder reduzir o consumo energético até 20%.
Na habitação, infelizmente, somos retrógados, construimos muito e mal, não há edifícios bioclimáticos em Portugal, o que existe na zona da Expo 98 é uma farsa. A construção de edifícios de raiz com características bioclimáticas, permite uma maior rentabilização energética partindo da autosuficiência em arrefecimento, aquecimento e energia eléctrica. Estes edifícios existem e não são mais caros que os convencionais tarolos que por cá se constróem.
At 1:36 da tarde, Ricardo said…
xipsocial,
Antes de mais quero agradecer a visita!
Eu não tenho qualquer tipo de medo em avançar com a aposta nas energias renováveis. Só quis salientar, com este post, que há outras medidas de curto prazo que têm que ser implementadas.
O problema central, neste momento, está no desencontro entre a oferta e a procura dos combustíveis fósseis e isso é uma oportunidade de ouro para pensar o problema global. E, neste momento, o nosso problema não está só na energia eléctrica e foi isso que quis sublinhar. Por isso falei em redução do consumo e reconversão tecnológica como os únicos meios para resolver a dependência dos combustíveis fósseis.
Por isso acho que estamos todos de acordo e agradeço os esclarecimentos adicionais.
Abraço,
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