Filho do 25 de Abril

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quarta-feira, setembro 14, 2005

555. Sala de Cinema: Os Edukadores (The Edukators; Fetten Jahre sind vorbei, Die)




Realizador: Hans Weingartner
Elenco: Daniel Brühl, Julia Jentsch, Stipe Erceg, Burghart Klaußner

Este filme é um manifesto anti-globalização e antes de dar a minha opinião sobre o filme em si vou perder uns minutos a analisar o que está por detrás do tema deste filme. Há um grupo de jovens alemães que combatem as consequências da Globalização através de informação distribuída nas ruas e lojas aos potenciais consumidores de produtos que foram produzidos através de condições inaceitáveis de exploração ao homem no terceiro mundo ou que recorrem a crianças para a sua produção. Dois desses jovens acham que é preciso fazer mais e querem mandar uma mensagem aos que ganham em abundância de que não é justo que uma grande parte da população sofra enquanto estes gastam fortunas em carros e bonecas de porcelana. Então invadem as luxuosas vivendas destes milionários e, sem roubarem nada, rearranjam a mobília e deixam mensagens de aviso. Assinam como "Os Edukadores"!

Escrevi recentemente o que achava da Globalização e não tenho esta visão do mundo. Sei que o nosso sistema económico é imperfeito e diariamente tenho exigido que haja mais solidariedade na Globalização mas o que é defendido por estes jovens é um beco sem saída. No dia em que a acumulação de dinheiro fosse proibida, dado o sistema económico vigente, seríamos todos pobres e cada vez mais pobres. É preciso ter em atenção que nada surge por altuísmo nem o homem ainda inventou um sistema que seja capaz de funcionar pela via do altruísmo. Infelizmente? Sim! Devemos ignorar a pobreza no mundo? Não! Mas também não podemos esperar que uma versão moderna do Robin dos Bosques vai sequer ajudar a resolver os problemas mundiais.

As novas gerações de jovens precisam de ideais e a crítica à Globalização é a nova bandeira da juventude (não é de estranhar que a maioria dos jovens filiados no Bloco de Esquerda sejam anti-globalização). As novas atitudes revolucionárias aparecem a querer acabar com a Globalização. O que é curioso é que não sabem para onde devemos ir e, pior, defendem a proliferação de oportunidades aos países mais pobres mas depois não aceitam as deslocalizações de empresas de Portugal para países mais pobres.

Um dos exemplos dado no filme é o de uma jovem que foi a culpada dum acidente de viação e tem que pagar o arranjo do carro. A questão que os jovens colocam é porque é que ela deve pagar o estilo de vida dum milionário uma vez que este conduzia um carro no valor de 100000€. Se tivesse tido o acidente com um "pobre" apenas pagava uma ínfima porção deste valor. Se fosse o rico o culpado perdia um dia de trabalho e se for um pobre o culpado perde anos de salário. Eu compreendo que o mesmo acto devia resultar num esforço igual para todos mas, como facilmente podemos compreender, isso é impossível. Isto é muito bonito e podíamos ficar dias a falar de justiça e injustiça mas não vejo forma do mundo funcionar doutra maneira. Perverter o sistema é um acto de terrorismo ou de elementar justiça? Não sei responder mas o mundo também é feito com pragmatismo. Quem sugerir o contrário está a ser ingénuo. Não podemos desistir de lutar por um mundo melhor mas não podemos dar carta branca para que deixe de haver sentido de responsabilidade nas pessoas.

O filme em si já teve, pelo menos, a vantagem de provocar esta reflexão nos seus espectadores. Mas, ultrapassando as questões filosóficas, é um filme algo banal. É mais um retrato da juventude cuja única grande novidade é a actualização dos idealismos que movem os jovens. Mas não deixa de ser um filme igual a tantos outros.

Síntese da Opinião: Um filme banal sobre as inquietações da juventude com uma mensagem política anti-globalização. Mesmo assim recomendo o visionamento para fomentar a discussão!

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