Filho do 25 de Abril

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quinta-feira, setembro 22, 2005

570. Sala de Cinema: Red Eye



Realizador: Wes Craven
Elenco: Rachel McAdams, Cillian Murphy, Brian Cox

Sempre achei Wes Craven um realizador menor do género de terror porque nunca fui defensor de que a série B passasse a ser comercial ou que tivesse um registo ligeiro. Sempre admirei mais a filmografia de John Carpenter ou David Cronenberg (mais visceral) do que a de Wes Craven. Este realizador é o responsável por uma nova forma de encarar o terror que muito contibuíu para suavizar o género (Nightmare in Elm Street e principalmente Scream). Não é que os seus filmes sejam maus (muito pelo contrário) mas o problema é que abriu a caixa de Pandora para uma quantidade de filmes de terror sem qualquer tipo de qualidade que imitavam o seu estilo.

Red Eye é a sequência natural da filmografia de Wes Craven. É um filme de terror que pisca o olho ao thriller e acaba por ser o passo final para levar o género para um patamar superior. É o bilhete de entrada para que o terror seja levado a sério. Por isso o filme começa com a ilusão de que se trata de um filme romântico com a temática de fundo do terrorismo (de forma muito ligeira). Só depois é que o terror toma conta do filme mas duma forma muito realista (ou pelo menos, não fantástica) o que acaba por tornar ténue a diferença entre o filme de terror e o de suspense.

E o filme é, de facto, extremamente eficaz. A história é simples e linear e aproveita todos os espaços físicos para criar um ambiente de claustrofobia muito bem conseguido. O arranque do filme no aeroporto cria o ambiente certo para o crescendo de tensão no avião (fenomenal a forma como Cillian Murphy muda de registo numa cena carregada de dramatismo). Tudo o que tem lugar no avião é um exercício de gestão do espaço simplesmente brilhante. A relação entre os protagonistas é a base para um conjunto de situações tensas e o filme só perde gás muito próximo do fim, quando a ameaça principal desaparece e as personagens saem do aeroporto. Aqui está Wes Craven a reinventar de novo o cinema de terror...

Síntese da Opinião: Mais uma reinvenção do género (de terror) por Wes Craven. Só por isso vale a pena ir ver! Mas continuo a preferir a abordagem de John Carpenter ou a de David Cronenberg...