Filho do 25 de Abril

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quinta-feira, setembro 22, 2005

574. Novamente os Transportes Públicos




Hoje é o Dia Europeu Sem Carros! Hoje os transportes públicos no Porto são gratuitos e aproveitei para passear por parte da nova Linha Amarela (infelizmente ainda não atravessei a ponte Luís I). Todas as carruagens que utilizei hoje (foram quatro, duas linhas, ida e volta) estavam repletas. As estações estão simples e em tons claros e a mobilidade no Porto deu um enorme salto qualitativo. Mais uma vez quero realçar que são as políticas de transporte público eficazes que vão resolver muitos dos problemas das cidades e não mais e mais estradas, mais e mais automóveis, mais e mais parques de estacionamento no centro da cidade.

Tenho ouvido rumores que vão avançar para os passes intermodais com preços elevados. Não consigo confirmar a veracidade destes rumores. Estes passes apresentam um problema interessante. Se eu pensar como economista facilmente vou chegar à conclusão que a junção dos passes pode ser inviável a preços baixos porque os STCP e o Metro do Porto têm ambos custos elevados. Por isso não sei qual vai ser a solução adoptada. Mas antes de saber vou escrever o que defendo que deva ser feito.

Eu acho que os subsídios do Estado aos bilhetes individuais não deve existir porque defendo uma lógica de racionalização de custos e esta solução pode ter custos exponenciais. Mas quanto aos passes já defendo outra solução. É que o passe incentiva uma utilização regular dos transportes públicos porque, uma vez adquirido, aumenta o custo de oportunidade de utilizar outros transportes. Já o bilhete individual pode sempre ser utilizado mais tarde. O passe também incentiva viagens mais longas de transporte público, potencialmente utilizando várias linhas. O bilhete individual não permite isso logo incentiva mais a utilização de outro tipo de transportes.

Os passes são um claro incentivo à utilização dos transportes públicos e como existem externalidades positivas no uso de transportes públicos considero que o Estado pode e deve subsidiar os passes. Quando falo de externalidades positivas falo do ambiente, da diminuição da importação de combustíveis fósseis, da diminuição de custos com a construção de novas estradas, do aumento da actividade económica e do seu vigor, do aumento da qualidade de vida e por aí fora. Por isso acho que devem haver passes separados a preços competitivos e, simultaneamente, um passe conjunto que seja menor do que a soma dos passes individuais. Disse!

11 Comments:

  • At 6:36 da tarde, Blogger mfc said…

    E disseste muito bem.
    A rede de metro do Porto agora começa a ser bem mais atractiva.
    Concordo que se ajuste um pouco o preço à realidade, mas sem nunca prejudicar, por causa dele, as externalidades que foram ganhas com o aparecimento do metro.

     
  • At 1:14 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Caro Ricardo
    A gente não se pode distrair! E logo hoje (quer dizer, ontem)!
    E porquê? Porque acabei de ler o post e logo abri os Comments sabendo como começar...
    Mas não altero:
    Disseste e disseste muito bem! Tu a economizar e eu a gerir (mesmo que reformado) - O Metro do Porto ficaria bem servido!
    De que constou então o meu passatempo? - Acertaste! Entrei em Gaia, destino 1º... o Dragão! (claro, o interface da Trindade), Dragão-Maia e volta à Trindade (podia ter feito transbordo na Fonte do Cuco - fui confirmar este nome no teu mapa* porque queria ir a Pedras Rubras, mas gostei de começar de trás!
    Ficou por ver Matosinhos e, da linha D, Trindade-Pólo Universitário. Ficará para outro Dia Sem Carros!
    * "o tal" mapa de bolso que podia ser disponibilizado nas estações principais, por exemplo.
    De resto as paredes das estações acho-as muito despidas, ficaria bem uma ou outra obra de arte - mas há que ter em conta que tudo cheira ainda a cimento fresco...
    Grade abraço a.castro

     
  • At 11:41 da manhã, Blogger Unknown said…

    Concordo com o que escreves.
    Não sou, de nenhuma forma, contra o transporte individual mas acho que se deve facilitar a utilização de transportes públicos e a melhor forma de o fazer é com um passe que dê para todos.
    Claro que a politica seguida nos últimos anos de privatizar os transportes públicos tem efeitos nocivos na possibilidade de existirem passes únicos.
    Na área urbana de Lisboa, por exemplo, existem os seguintes operadores de transportes públicos:

    Carris;
    Metro;
    Comboio ao sul do Tejo;
    CP;
    Transtejo;
    Metro ligeiro do Sul do Tejo (a inaugurar);
    Mais uma imensidade de rodoviárias privadas!

    Mas, pior, creio que foi durante o tempo do Cavaco que se falou em privatizar a linha de comboio do Estoril...

    Claro que com esta imensidão de operadores torna-se muito difícil qualquer passe que dê para todos!

     
  • At 3:18 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Leiria... muitas ruas foram cortadas. é bom que haja iniciativas deste género...

     
  • At 5:49 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    1-Lisboa tem bons transportes publicos, mas uma péssima rede.Nada bate com nada!
    Segundo me disseram há 14 autoridades de trãnsito.
    Vamos ao óbvio:nas capitais europeias há UMA.
    Mais uma vez os poderzinhos medíocres a lixarem o investimento e os utentes.
    2-Deve haver passe.Os transportes publicos não são passeios alegres, são meios para aumentar a produtividade e a qualidade de vida das cidades (dos cidadãos).Ao preço real devem ser deduzidos os ganhos adicionais, logo serem baratos para os utilizadores, visto que esta utilização reproduz-se em benefícios importantes para todos.(Estou a ser redundante, mas adiante)
    Se não complicar o processo devia-se pensar em que a certas horas devia ser grátis.
    3-Os "dias sem trãnsito" são uma palermice de demagogos e para ecologistas patetas.
    4-Uma cidade com bons transportes publicos melhora imensamente em ambiente, custos de conservação,e principalmente na Saude Fisica e Mental das cidadãos.

     
  • At 2:05 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Muito bem C. Indico, estou completamente de acordo!

    Ivan

     
  • At 4:02 da tarde, Blogger Ricardo said…

    mfc,

    Vamos esperar para ver! Não sei qual a solução que vai ser adoptada na política dos passes!

    Abraço,

     
  • At 4:06 da tarde, Blogger Ricardo said…

    a. castro,

    Estou a ver que fizeste uma visita alargada às linhas do Metro. A linha de Matosinhos (a que não visitaste) é a que mais interfere com o trânsito e é totalmente à superfície.

    As estações podiam estar mais bonitas mas todo este projecto do Metro tem como base um enorme esforço de contenção de custos. Só assim foi possível, em tão pouco tempo, fazer com que o Porto desse um enorme salto qualitativo na mobilidade através do Metro.

    Abraço,

     
  • At 4:09 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Raio,

    Não conheço em pormenor a situação da cidade de Lisboa e, por isso, não posso dar a minha opinião. Mas, com essa quantidade de operadores, a tarefa de criar um sistema que incentive a utilização de transportes públicos com os passes não deve ser nada fácil.

    Abraço e obrigado pelo regresso a este espaço,

     
  • At 4:13 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Micróbio e Liliana,

    Não sou muito favorável aos Dias sem Carros poruqe as iniciativas custam muito dinheiro ao Estado. O que defendo são políticas coerentes ao longo do tempo para retirar os carros das ruas. E isso só é possível com transportes públicos eficientes e com políticas sérias de mobilidade.

    Cumprimentos,

     
  • At 4:15 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Índico,

    Revejo-me tanto no que escreveste que não sinto necessidade de acrescentar nada!

    Abraço e bom fim de semana,

     

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