575. Sala de Cinema: The Island
Realizador: Michael Bay
Elenco: Ewan McGregor, Scarlett Johansson, Djimon Hounsou, Sean Bean, Steve Buscemi, Michael Clarke Duncan
A vantagem de ir ver um filme com as expectativas muito em baixo é que mesmo que esse filme não seja mais do que razoável acabamos por ter uma surpresa agradável. E “The island” não é mais do que isso, leia-se, um blockbuster razoável.
O filme começa muito bem e constrói uma sociedade provavelmente inspirada no Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley e, pouco a pouco, faz a sua própria desconstrução. Afinal este mundo não é mais do que uma empresa de tecnologia de ponta que serve clientes ricos e o seu produto são clones desses clientes que servem para garantir a substituição de orgãos (entre outras funções). Estes produtos vivem de forma controlada com a ilusão que, um dia, vão ser felizes na Ilha (não é muito diferente do conceito de Céu, isto é, é a utopia que move o homem). Esta história tinha bastante potencial mas esgotou-se ainda numa fase inicial do filme a partir da (intensa) cena da clínica onde tentam retirar os orgãos ao produto interpretado por Michael Clarke Duncan.
A partir daqui o filme torna-se num festival de cenas de acção que não estão bem conseguidas por culpa do estilo de realização confuso e irreal de Michael Bay (as cenas de acção são para esquecer). A história também perde fulgor e acaba por ser mal gerida, transformando uma boa ideia de partida num filme igual a tantos outros. Também a publicidade excessiva no filme é irritante para o espectador.
Não posso deixar de mencionar que Ewan McGregor está muito bem neste filme. É ele que dá credibilidade ao filme e carrega-o às costas já que torna o impossível credível. Pertencem a ele os verdadeiros momentos de drama e de humor. A cena com o seu sponsor está muito bem conseguida e é uma das pérolas do filme. Já Scarlett Johansson, para surpresa minha, tem uma interpretação só razoável porque nunca encontra o registo certo no filme. É a primeira vez que vejo esta talentosa actriz a ser um dos elos fracos dum filme. Não soube/ conseguiu transmitir a solidez necessária nas reacções da sua personagem nem nunca pareceu estar realmente naquele mundo.
Síntese da Opinião: Para blockbuster não está nada mal apesar das cenas de acção serem para esquecer (é um filme de Michael Bay e mais não digo). Podia ter sido um filme bem melhor, já que a ideia de partida tinha o potencial para transformar esta película em algo bem mais intenso e credível.
5 Comments:
At 7:49 da tarde, Unknown said…
Ewan McGregor raramente surge abaixo de excelente. Talvez os seus registos menos brilhantes se devam aos projectos e não propriamente ao seu desempenho (Young Adam desiludiu-me)
Michael Bay parece dotado de uma capacidade inesgotável de exterminar ideias que na sua essência não são assim tão más para torná-las vendíveis às pipocas e à pitanada.
Os primeiros momentos são realmente promissores. Levam mesmo a duvidar das intenções da crítica ao deitar tanto abaixo o filme... até à fuga.
Vêm ao de cima todas as más qualidades daquele que é o habtitat natural da realização de Bay.
Scarlett Johansson não brilha porque só consegue fazer quando tem espaço para isso. E a velocidade não lhe permite fazê-lo. Interpretou demasiados papéis de personagens dotadas de segurança e certezas interiores, demasiado autoconfiantes, para de repente vestir alguém que é um mero objecto e cuja sintética existência não é mais que um meio para um fim que nem sequer compreende.
O "Baycaos" verifica-se, mais uma vez.
At 10:32 da tarde, Ricardo said…
RSD,
Parece que temos uma opinião muito parecida em relação ao filme. Concordamos que o realizador tem um dom para estragar o que toca, que Ewan McGregor dá cartas neste filme e que Scarlett Johansson não conseguiu estar ao seu nível habitual.
Porque será que sempre que Hollywood tem ideias originais acha que a fórmula da acção vistosa e explosiva é a melhor maneira de explorar essas ideias?
Um beijo,
At 11:10 da tarde, Unknown said…
Ricardo,
é realmente lamentável que Hollywood se preocupe mais com as cifras do que com os conteúdos.
bj
At 3:26 da tarde, gonn1000 said…
Eu gostei, acho que é o melhor do Bay (também não é difícil) e um filme-pipoca com mais substância do que a maioria (ainda que algo subaproveitada). Curioso é que, se fosse da autoria de Spielberg, seria decerto melhor recebido pela crítica...
At 3:34 da tarde, Ricardo said…
Gonn1000,
Se fosse Spielberg as cenas de acção seriam, certamente, mais agradáveis. mas a história acho que é fraca a partir da fuga, a culpa não é só do realizador.
Abraço,
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