Filho do 25 de Abril

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quinta-feira, outubro 06, 2005

583. Autárquicas 2005: A nossa responsabilidade

Há sintomas duma doença graves no nosso Sistema Democrático! Mas parece que a moda é criticar sem tréguas os políticos. Estou farto! Parece que não há responsáveis por esta situação a que chegamos sem serem os "malandros" dos políticos. Não temos o país que queremos mas a culpa não é nossa, é daqueles "gajos" que só querem "tachos", que estão "comprados pelas grandes corporações de interesses" e que só estão na política porque não arranjam trabalho em mais lado nenhum. Isto tudo é um claro exagero e uma perigosa generalização que só serve para uma desresponsabilização geral e para afastar ainda mais os mais qualificados da política.

Os políticos são o bode expiatório de tudo o que corre mal. Não há ninguém a fugir aos impostos neste país, a ser laxista no seu local de trabalho, a enriquecer de forma estranha, a requerer baixas fraudulentas, a acumular o subsídio de desemprego com o ordenado ou a pedir cunhas em tudo o que é serviço? E mais... haverá exigência democrática e cívica em relação aos destinos do país? É que para além dos políticos serem um reflexo dos portugueses (sem tirar nem pôr) também são o resultado directo da nossa exigência enquanto cidadãos...

Se está na moda sermos populistas e demagógicos então também vou ser. Porque é que temos melhores supermercados que políticos? É simples! Porque somos mais exigentes como consumidores do que como cidadãos!

Temos vários candidatos que são arguidos e, como já tive oportunidade de defender, perderam a reserva de explicarem publicamente o que aconteceu ao dinheiro colectivo quando optaram pela recandidatura. Os cidadãos têm que exigir explicações sobre o seu próprio futuro e sobre a forma como o seu dinheiro é gasto, leia-se, podem e devem exigir transparência!

Se um (ou alguns, ou todos) destes candidatos ganhar que conclusão podemos tirar? Que, surpresa das surpresas, os partidos fizeram o seu papel e que, surpresa das surpresas, que os "gajos" que querem que o país seja uma rede de interesses e de tachos são os... cidadãos! Parece que os responsáveis por tudo o que corre bem ou mal neste país afinal somos nós e não só os partidos. Estes, afinal, são apenas um reflexo de todos nós e do nosso grau de exigência.

18 Comments:

  • At 8:01 da tarde, Blogger mfc said…

    Gostei dessa pancada que deste nos portugueses... é bem merecida!

     
  • At 8:22 da tarde, Blogger H. Sousa said…

    Parece que não há responsáveis por esta situação a que chegamos sem serem os "malandros" dos políticos. Não temos o país que queremos mas a culpa não é nossa, é daqueles "gajos" que só querem "tachos", que estão "comprados pelas grandes corporações de interesses" e que só estão na política porque não arranjam trabalho em mais lado nenhum.

    APOIADO!

     
  • At 12:32 da tarde, Blogger Unknown said…

    Ricardo,

    Tens uma certa razão no que dizes.

    Mas, a meu ver, a questão é mais complexa.

    Actualmente o poder já não reside em Portugal, o poder reside em Bruxelas e Frankfurt.

    Por isso votamos em politicos que depois não têm margem de manobra para fazer o que prometeram pois têm de se vergar aos ditames de Bruxelas e Frankfurt.

    Resultado, dizemos mal dos políticos e quatro anos depois votamos noutros que vão fazer exactamente o mesmo...

    E, nota, isto não acontece só em Portugal, acontece por toda a Europa.

    Um abraço

     
  • At 2:13 da tarde, Blogger Ricardo said…

    mfc,

    O meu objectivo não é dar "pancada" nos portugueses! Realmente acabei por fazê-lo mas por cansaço em ver todos a lavarem as mãos em relação aos problemas nacionais.

    Abraço,

     
  • At 2:16 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Viva TNT,

    Percebo a tua ironia! Não contesto o que defendes... mas será tudo assim tão branco e preto? Será que os políticos são piores ou melhores que qualquer um de nós? Será que somos bons cidadãos? Não sei se é tudo tão linear...

    E já agora... nos casos das autarquias que mencionei será que os partidos não fizeram a sua quota parte? Será que os cidadãos vão fazer a sua quota parte?

    Abraço e bom fim de semana,

     
  • At 2:17 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Conchita,

    E que grande chatice! Mas é possível mudar, sou um eterno optimista ;-)

    Um beijo,

     
  • At 2:23 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Viva Raio,

    Compreendo que discutir a UE é sempre importante mas, neste caso, só serve para, mais uma vez, arranjar um alibi para tudo o que podemos mudar e não mudamos.

    A UE tem muitos defeitos mas não é a culpada de existirem fugitivos à justiça, sacos azuis, contas na Suiça, corrupção no futebol, negócios com empreeiteiros e outras situações. Nem é a culpada dos suspeitos destas acções irem ou não ser eleitos no Domingo.

    Não podemos continuar a generalizar e culpar os políticos de todos os nossos males. Há políticos bons e maus e estes são apenas um reflexo dos cidadãos e do nosso grau de exigência.

    Abraço e bom fim de semana,

     
  • At 10:20 da tarde, Blogger H. Sousa said…

    Ricardo:

    A verdade é que os que lutam pelo poder, fazem-no, como qualquer outro cidadão, para obter benesses para si e para os protegidos, em suma, para deter o poder. Um poder do mesmo tipo de qualquer máfia. É uma luta terrível e só os mais mal-formados têm estômago para essa luta. Nenhum deles pretende lutar pelo povo em geral. O que eles todos querem é ser os que mandam e detêm o poder de fazer o que lhes for mais conveniente para atingir os seus fins: dinheiro!

     
  • At 10:57 da tarde, Blogger pindérico said…

    Há muitos muitos anos o tal "Estado Novo" usava e abusava do slogan "O exército é o espelho da Nação"!
    Muitos se indignavam; percebia-se a mensagem!
    Outros aplaudiam; faziam outra leitura!
    A verdade veio em 25 de Abril! O exército espelhava, de facto, o sentir da Nação!
    Uma razão para lamentar não termos hoje exército?
    Não. Agora somos nós a Nação...mas parece que não temos espelho onde nos possamos ver!!!
    Tens toda a razão, meu Amigo!

     
  • At 12:07 da tarde, Blogger Ricardo said…

    TNT,

    Não contesto nada do que defendes! Falta é uma variável na equação que não posso ignorar...

    Abraço,

     
  • At 12:10 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Pindérico,

    Nem mais! Assusta olhar para o espelho...

    Temos, acima que tudo, de deixar de ter bodes expiatórios e, ao mesmo tempo, sermos mais exigentes em relação aos que nos governam.

    Abraço,

     
  • At 3:22 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    só posso estar de acordo. Somos todos muito bons e os culpados são os outros. Os que estão à frente, os que estão atrás. E os que estão de fora? Temos de arranjar bodes expiatórios, para aliviar as nossas consciências. Parabens pelo artigo, subscrevo integralmente. Também postei sobre isto. http://spaces.msn.com/members/sucatinha/Blog/cns!1pBikUcmtuRdl2TOBeRWDKsg!1652.entry

    Não tenho estado por aqui, porque tenho estado por dentro.

     
  • At 8:17 da tarde, Blogger bravo said…

    Tantos dizem mal dos políticos e comportam-se da mesma forma noutros campos (profissional, p.ex.). O que nos faz pensar que se se tornassem políticos não seriam muito diferentes daquilo que criticam. Eu acho que o povo (qualquer povo) tem os políticos que merece. Ou que exige, o que vai dar no mesmo.

     
  • At 12:15 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    É uma boa reflexão!Porquê que aquele que tanto critica o poder, quando lá chega comporta-se da mesma forma?Mesmo assim o voto é uma arma.Bom domingo

     
  • At 7:36 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Sim, realmente já é tempo de responsabilizar os cidadãos-só-quando-dá-um-certo-jeitinho pelos políticos que temos.
    Tenho andado a cuscar o teu blog. Gosto muito.

    Olha a Mafalda ali ao lado =)

     
  • At 11:36 da tarde, Blogger Pedro F. Ferreira said…

    Como sabes, subscrevo.

     
  • At 10:43 da manhã, Blogger Unknown said…

    Ricardo,

    "Não podemos continuar a generalizar e culpar os políticos de todos os nossos males. Há políticos bons e maus e estes são apenas um reflexo dos cidadãos e do nosso grau de exigência."

    Só podemos exigir algo a alguém quando esse alguém tem meios de cumprir as nossas exigências.

    Actualmente, com o verdadeiro poder a residir fora de Portugal, os políticos portugueses não têm meios para cumprir o que lhe exigimos.

    Resultado, promete-se para ganhar e depois não se cumpre porque não se tem forma de o fazer.

    Isto envenena toda a política portuguesa e, claro, faz baixar a qualidade dos políticos.

    Um cidadão honesto e inteligente desiste rapidamente de fazer carreira na política.

    E enquanto este problema não for resolvido e enquanto não dermos o poder aqueles em que podemos votar o país "avança" numa descida que conduz à extinção...

    Um abraço

     
  • At 1:56 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Raio,

    Vou repetir!

    Não contesto o que estás a defender mas não é esse o objecto da minha discussão!

    Eu falo da nossa responsabilidade, da nossa exigência em situações como as que se verificaram em Felgueiras e Gondomar. Quando pactuamos com "fugitivos à justiça, sacos azuis, contas na Suiça, corrupção no futebol, negócios com empreeiteiros e outras situações" estamos a dar um sinal muito preocupante. Eu acredito que se houvesse um sentido de cidadania mais exigente em Portugal estaríamos muito melhor, mas mesmo muito melhor.

    Abraço,

     

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