700. Angela Merkel e Guantanamo
Angela Merkel
"Uma instituição como Guantanamo não pode nem deve existir assim, é preciso encontrar outras formas de lidar com prisioneiros"
Angela Merkel - Der Spiegel
Fico muitas vezes prematuramente deslumbrado com as atitudes públicas de quem acaba de assumir os seus cargos. E, também muitas vezes, passados uns meses tornam-se rapidamente parte dos que ignoram ou encobrem o que não convém ser revelado na cena internacional. Tornam-se cúmplices dos silêncios que permitem que o Direito Internacional e os Direitos Humanos só funcionem para alguns.
Não sei se vai acontecer o mesmo com Angela Merkel. Talvez esteja prematuramente deslumbrado mas não posso deixar de enaltecer a intenção desta em defender, na sua visita aos EUA na próxima semana, o fim da prisão de Guantanamo. Não sei qual vai ser a reacção de George W. Bush mas o importante é começar a fazer uma pressão real e convicta para que o mundo volte à normalidade no respeito pela lei internacional e pelos direitos humanos.
Se eu fosse um diplomata americano já não sabia, no contexto actual, como tentar chamar à razão alguém que sequestra e tortura um jornalista ou um soldado americano. Com que moral ficamos se deixarmos que se faça exactamente o que criticamos que os outros façam?
5 Comments:
At 1:55 da tarde, Frederico Lucas said…
Penso exacatmente o mesmo.
Aliás, quando a Comissária Ema Bonino disse que o Alqueva poderia não avançar, uma vez que os subsidios europeus ainda não estavam decididos, Jaime Gama, no seu primeiro mês de mandato como Ministro dos Negócios Estrangeiros respondeu: "A senhora comissária está equivocada. Não sabe que os investimentos são decididos pelos países membro. Os subsidios é que são decididos na CE. Mas com o sem subsidios, Portugal já tomou uma decisão!"
At 3:14 da tarde, Politikus said…
somos da mesma opinião, apenas um reparo. Não sabes como Bush irá reagir... vai fazer ouvidos de mercador.
At 12:41 da manhã, Anónimo said…
Amigo Ricardo,
receio bem estares a ser ficar prematuramente deslumbrado. Angela Merkel está à frente de um governo de coligação CDU/CSU com o SPD de centro-esquerda. Existem ainda, e por incrível que pareça, sectores mais à esquerda dentro do SPD cujas hostes devem ser acalmadas. A bem de uma coligação que todo e qualquer alemão sabe frágil, não obstante a forte representação que tem no Bundestag. É isso a política: gestão de conivências e hipocrisias várias; articulação de silêncios coniventes e discursos mais, ou menos, estudados. Mais do que palavras, contam os actos. E quando chegar à altura decisiva (a próxima, deverá ser o que fazer com Teerão) Merkel estará com Bush.
Um abraço
At 10:27 da manhã, Anónimo said…
Não sei se Merckel disse o que disse para agradar ao SPD. Sei, sim, que disse o que é preciso ser dito. Casos como o de Guantanamo são inaceitáveis. Ponto final.
At 2:59 da tarde, G. Mbeki said…
Concordo que o que a chanceler alemã disse devia ser dito, mas também me parece que o disse apenas para agradar a alguém dentro da Alemanha. Para o Bush, a Angela Merkel não é ninguém, e muito menos na questão de Guantánamo. E ela também sabe disso. Mas precisava de conquistar um qualquer nicho de opinião pública. É a manipulação e o oportunismo político...
Enviar um comentário
<< Home