Filho do 25 de Abril

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sábado, janeiro 21, 2006

718. Sala de Cinema: Revolver




Realizador: Guy Ritchie
Elenco: Jason Statham, Ray Liotta

Revolver é o novo filme do realizador britânico Guy Ritchie. Este cineasta é o responsável por filmes como Lock, Stock and Two Smoking Barrels e Snatch, dois excelentes filmes que marcaram o seu início fulgurante na sétima arte. Estes dois filmes retratam - ou melhor, idealizam - o submundo do crime em Londres e são duas obras que retiram do cinema mosaico todo o seu potencial. Não são mosaicos temporais - ou pelo menos exclusivamente temporais - mas sim uma rede de inúmeras personagens e situações que se interligam de forma brilhante. O cinema noir no seu melhor.


Jason Statham - Revolver

Depois Guy Ritchie casou com Madonna e realizou um filme que foi arrasado pela crítica, Swept Away. Apesar de admirar o trabalho inicial do jovem realizador não me senti motivado para ver este filme porque a história, os actores (a personagem principal era nem mais a sua actual mulher, Madonna) e as críticas criaram um contexto propício para que eu não fosse visionar o filme. Os bons realizadores merecem o benefício da dúvida mas convenhamos que uma história de amor numa ilha - não sei se deserta - com Madonna não é o meu ideal de filme. Acabou por ganhar os prémios Razzie de pior filme e pior remake do ano de 2001.


Ray Liotta - Revolver

Revolver é o regresso de Guy Ritchie às origens. O seu actor fetiche está presente - Jason Statham - e o submundo do crime volta a ser idealizado em registo de filme noir. Mas o filme é um barco sem homem no leme. A história é confusa ao ponto de não a ter percebido principalmente quando tento analisar as motivações do protagonista (Jason Statham) e do seu antagonista (Ray Liotta). O filme é construído a partir de frases emblemáticas e fortes que, segundo o realizador, vão dando pistas para o que vai acontecer como se todas elas fossem consequentes para o desenrolar da trama. Mas, no fundo, não deixam de ser frases feitas, um exemplo acabado de clichés. A realização parece saída dum videoclip musical ou duma publicidade de automóveis e o conjunto alargado de personagens em vez de interagir no todo simplesmente vão aparecendo e desaparecendo. Até as jogadas de xadrez são facilmente desmontadas até pelos iniciados do jogo. Nem Ray Liotta - um bom actor - escapa num papel que é um dos melhores exemplos de cabotismo que tenho visto nos últimos tempos.

Síntese da opinião: Guy Ritchie volta às origens para relançar a carreira mas acaba por a afundar ainda mais. Será que este realizador foi um logro ou está simplesmente a passar por uma fase de desinspiração?

Memórias do Filho do 25 de Abril: Sétima Arte (todos os textos deste blogue sobre cinema)

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7 Comments:

  • At 12:21 da manhã, Blogger A. Cabral said…

    No Reino Unido este senhor e' conhecido como "One Trick" Ritchie. Teve vida curta o "British gangster movie," rapidamente se fez monotono e formulaico.

     
  • At 1:17 da manhã, Blogger Ricardo said…

    A. Cabral,

    Estou - infelizmente - inclinado a dar razão aos epítetos que Guy Ritchie ganhou. E digo infelizmente porque esfuma-se uma promessa do cinema.

    Abraço,

     
  • At 12:23 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Acabei de ver este filme e, claro, deixa-nos frustrados e intrigados, pois as partes dos monólogos interiores com duas vozes e o final deixaram muitas "pontas soltas", mas não posso deixar de elogiar o magnífico desempenho de Ray Liotta. Jason Statham tb esteve bastante bem; melhorou mt desde "golpe em Itália".

    07 de abril

     
  • At 5:04 da manhã, Blogger Marise Rosa said…

    Gente... acordem!!!!!!!!!!!!!!
    Ficam falando só da sétima arte e esquecem a literatura.
    O filme é a introdução do UCEM ( UM curso em milagres) melhor traduzido pelo livro ( O desaparecimento do universo).
    Vcs se surpreederam ao ver quanto milhoes de pessoas aderiram a esse conceito.
    A voz que fala o tempo todo com o ator principal, nada mais é que seu próprio égo. Isso é uma nova teoria de vida. Acho que vcs não reparam as pessoas que fazem os comentários do filme no final , como Deepak Chopra entre outros fantáticos e muito respeitados.
    Porque não entendemos do assunto, não vamos dizer que o filme é confuso.
    Meu cordial abraço

     
  • At 4:13 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Esse filme ta cheio das cenas de acontecimentos sem sentido mas ao mesmo tempo faz muito sentido a explicação e as frases colocadas, é o égo o nosso inimigo interior, uma das melhores foi "a beleza é um anjo destruidor, como algo que parece tão bom pode ser tão ruin???

     
  • At 4:14 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Esse filme ta cheio das cenas de acontecimentos sem sentido mas ao mesmo tempo faz muito sentido a explicação e as frases colocadas, é o égo o nosso inimigo interior, uma das melhores foi "a beleza é um anjo destruidor, como algo que parece tão bom pode ser tão ruin???

     
  • At 12:05 da manhã, Blogger Daniel Silva said…

    Não gostei dessa crítica sobre o filme revolver o dono do blog que me desculpe mas o filme é muito bom e não vejo as frases com clichês ... sua idéia sobre o que é clichê está totalmente equivocada !!! se não tem cabeça para filmes complexos não assista, mas, por favor não faça comentários que não são pertinentes. Pronto falei !!!

     

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