Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

786. O Sector Público (3)

Ponto de Situação

"Finanças do Liberalismo versus Finanças da Actualidade": procurei, neste texto, resumir as principais diferenças na forma como os liberais encaram as Finanças Públicas em relação a como estas são vistas actualmente;

O Sector Público (2): comecei, de forma bastante sumária, a expor as funções do Sector Público. Falei da afectação de recursos económicos e nas situações em que considero que a melhor opção não é encontrada no mercado.

Funções do Sector Público (continuação)

2. Distribuição

É nesta função que há, provavelmente, um maior fosso entre os que defendem um sistema misto e os liberais. A função distribuição está ligada ao princípio da equidade e este, por sua vez, é um reflexo subjectivo das condições culturais, da doutrina social e das ideologias adoptadas.

Na redistribuição - ligada ao conceito de justiça social - as soluções socialmente desejáveis são sempre subjectivas. Costumo dizer que ninguém está satisfeito com a protecção social porque ou é exagerada, ou é deficitária, ou é pouco fiscalizada, ou porque incentiva o comodismo, mas que ninguém consegue imaginar viver sem ela. A redistribuição pode ser feita ou por via receitas (impostos) ou por via despesas (tranferências monetárias ou em espécie).

A equidade é um conceito complexo por um conjunto de razões simples. Porque nunca sabemos quanta eficiência perdemos para ter mais equidade e também nunca sabemos quanta eficiência a equidade consegue proporcionar. Esta pode ser a função mais complicada de defender economicamente mas é uma função que considero fulcral para atingir patamares mínimos de paz e justiça social.

3. Estabilização

Estamos perante mais uma função complexa. Há quem diga que o Estado não deve intervir no contexto, ou seja, nos ciclos económicos e que, ao intervir, atrasa a recuperação. Eu penso que é positivo alisar os ciclos tornando-os, provavelmente, mais longos mas com efeitos menos abruptos. É claro que depende da intervenção e do tipo de intervenção.

O Estado actua macroeconomicamente nos ciclos económicos para manter altos níveis de actividade (minorar os efeitos do desemprego que vão muito além dos efeitos óbvios e directos), para estabilizar o nível de preços (a inflação penaliza quem tem rendimentos fixos e não permite uma distinção clara entre as opções dos produtores e consumidores), para estabilizar a Balança de Pagamentos (de modo a assegurar a independências das políticas), entre outros.

4. Promoção do Desenvolvimento

É a acção planificadora do Estado (não confundir com planificação da produção). O mercado não consegue encontrar soluções relativamente ao planeamento físico, ambiental, paisagístico, urbanístico, entre outros. O Estado pode (e deve) implementar medidas antecipativas (por exemplo o plano director) em vez de medidas correctivas que são sempre menos eficientes.

Novamente este ponto não é consensual. Considero que o Estado deve antecipar soluções para que o desenvolvimento económico seja sustentável mas é preciso analisar muito bem o que monitoriza e o que organiza pois também pode acontecer que esta intervenção tenha efeitos indesejados.

Conclusão

Espero que, no conjunto dos três textos, tenha ficado claro que o Estado ainda tem um papel fulcral a ter no nosso futuro colectivo e que não deve ser reduzido à sua essência. Só um Estado forte pode actuar em muitas das situações que aqui descrevi. Não defendo a extinção de algumas funções com o argumento que o Estado não é eficaz porque, se esse é o caso, devemos pressionar e encontrar formas para que seja eficiente e não para que deixe de controlar essas funções. A menos que achem que essas funções podem ser mais úteis nas "mãos" do mercado. Mas, até hoje, ainda ninguém conseguiu convencer-me que é assim.

Eu não defendo, com excepção do sector empresarial, menos Estado! O que eu quero é que o Estado continue forte e, por isso, publico tantos textos a exigir mais eficiência na sua gestão. Só um Estado cada vez mais eficiente na sua gestão é que não é colocado constantemente em causa.

Nota: Ainda vou escrever, mas mais tarde, alguns textos relacionados com este tema mas mais centrados na despesa pública

1 Comments:

  • At 8:02 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    UFA!

    Meu caro amigo, você tem um jeitão para fazer Testamentos, que quase os Evangelhos do LIVRO, são uma amostra.
    Os seus textos, são perfeitos, de uma precisão Bíblica, mas não se canse tanto, pois o novo Presidente da Respública, vai tratar de tudo por nós, pois só ELE nos poderá Salvar, só ELE é que sabe o que nós necessitamos.

    P.S. 1 Se estiver interessado em escrever o meu testamento, ficaria eternamente grato, pois não tenho paciência nenhuma, nem jeito, o que lhe sobra.
    Pode-me contactar pelo número habitual, e fazer quilometragem a parlar ao Telemóvel e aumentar os lucros da sua Operadora de Telemóveis.

    P.S. 2 Já que vai falar mais da despesa pública, não me consegue dar umas dicas de como arranjar despesa privada para o meu modesto IRS.

    Agradecido e os meus mais cordiais cumprimentos

     

Enviar um comentário

<< Home