1121. Eleições Regionais Madeira 2007 (15): Análise parcial da qualidade da Democracia na Madeira*
O Público, num artigo escrito por Tolentino de Nóbrega, denunciou uma situação que não constituí nenhuma surpresa para aqueles que conhecem a realidade madeirense. Segundo o artigo (publicado no Sábado), "Jardim deu ordens escritas sobre as notícias que jornal estatizado devia publicar". Estas "ordens escritas" aparecem reproduzidas em conjunto com o artigo.
Como já referi o grau de surpresa é nulo. Já há algum tempo veio referido na imprensa que um antigo director adjunto do Jornal da Madeira denunciou à Alta Autoridade para a Comunicação Social pressões constantes por parte de elementos do Governo Regional. Por várias vezes também foi referido que a Comunicação Social depende do financiamento indirecto do Governo Regional para sobreviver. Há, portanto, vários indícios e declarações que apontam para a possibilidade da Comunicação Social na Madeira estar instrumentalizada e/ou condicionada (e se fosse só a CS...)!
Não há nada do que foi escrito no Público no Sábado e do que eu estou a escrever agora que seja propriamente uma novidade. Mas há uma particularidade na nota escrita ao jornal que é deveras interessante, leia-se, "Vê se publicas esta história dando uma porrada no Ministro da Saúde. Este texto confirma o ódio e o desprezo deste Governo Socialista pelos Madeirenses" (Paulo Pereira, assessor de Jardim, no verso da nota escrita por Jardim). Confirma-se assim uma estratégia de formatação das mentalidades dos madeirenses que devem lutar contra a opressão dum "inimigo externo" que é, neste caso, a sua própria condição de portugueses. Pessoalmente acho que este discurso "oficioso" repetido até à exaustão e defendido por muitos só serve para alimentar um complexo de inferioridade que subconscientemente vai sendo criado em consequência desta forma de pensar. Infelizmente não assisto nos jovens uma mudança significativa de mentalidade...
Há outra questão que tem que ser levantada e que merece uma posição clara por parte dos candidatos à Presidência. Mesmo que uma maioria eleja um Governo que considera estar a fazer um bom trabalho na Região (e isso não vou contestar apesar de duvidar do rigor das contas e da sustentabilidade do desenvolvimento) será que é legítimo que essa maioria abafe as opiniões duma minoria? Sem querer colocar em questão a existência duma Democracia plena na Região (coufgh, coufgh... desculpem-me, foi um ataque de tosse) como podemos tornear as limitações a que estamos sujeitos no dia a dia (limitações essas de difícil prova) impostas por uma maioria democrática? Aceito sugestões...
P.S. Jardim ameaçou não investir nas Câmaras que não sejam PSD. Perante uma chuva de críticas lembrou que nos gastos do Governo Regional manda ele. O pior é que a ameaça é credível e já aconteceu no passado... Novamente aceitam-se sugestões para sair deste ciclo vicioso...
* Este texto é uma republicação deste texto, escrito em Outubro de 2005. Comentários originais
Como já referi o grau de surpresa é nulo. Já há algum tempo veio referido na imprensa que um antigo director adjunto do Jornal da Madeira denunciou à Alta Autoridade para a Comunicação Social pressões constantes por parte de elementos do Governo Regional. Por várias vezes também foi referido que a Comunicação Social depende do financiamento indirecto do Governo Regional para sobreviver. Há, portanto, vários indícios e declarações que apontam para a possibilidade da Comunicação Social na Madeira estar instrumentalizada e/ou condicionada (e se fosse só a CS...)!
Não há nada do que foi escrito no Público no Sábado e do que eu estou a escrever agora que seja propriamente uma novidade. Mas há uma particularidade na nota escrita ao jornal que é deveras interessante, leia-se, "Vê se publicas esta história dando uma porrada no Ministro da Saúde. Este texto confirma o ódio e o desprezo deste Governo Socialista pelos Madeirenses" (Paulo Pereira, assessor de Jardim, no verso da nota escrita por Jardim). Confirma-se assim uma estratégia de formatação das mentalidades dos madeirenses que devem lutar contra a opressão dum "inimigo externo" que é, neste caso, a sua própria condição de portugueses. Pessoalmente acho que este discurso "oficioso" repetido até à exaustão e defendido por muitos só serve para alimentar um complexo de inferioridade que subconscientemente vai sendo criado em consequência desta forma de pensar. Infelizmente não assisto nos jovens uma mudança significativa de mentalidade...
Há outra questão que tem que ser levantada e que merece uma posição clara por parte dos candidatos à Presidência. Mesmo que uma maioria eleja um Governo que considera estar a fazer um bom trabalho na Região (e isso não vou contestar apesar de duvidar do rigor das contas e da sustentabilidade do desenvolvimento) será que é legítimo que essa maioria abafe as opiniões duma minoria? Sem querer colocar em questão a existência duma Democracia plena na Região (coufgh, coufgh... desculpem-me, foi um ataque de tosse) como podemos tornear as limitações a que estamos sujeitos no dia a dia (limitações essas de difícil prova) impostas por uma maioria democrática? Aceito sugestões...
P.S. Jardim ameaçou não investir nas Câmaras que não sejam PSD. Perante uma chuva de críticas lembrou que nos gastos do Governo Regional manda ele. O pior é que a ameaça é credível e já aconteceu no passado... Novamente aceitam-se sugestões para sair deste ciclo vicioso...
* Este texto é uma republicação deste texto, escrito em Outubro de 2005. Comentários originais
Etiquetas: Madeira, Política Local/ Regional
1 Comments:
At 6:38 da tarde, José Leite said…
Se a democracia fosse como a água, talvez houvesse instrumentos credíveis para medir a sua qualidade.
Contudo, pelo que se vê pelos dados concretos vindos a público (inaugurações em catadupa em período "proibido", dinheiro a rodos, abocanhamento dos meios públicos (da res publica) para fins eleitoralistas, arrebanhamento de pessoas que deveriam ser neutras (padres e outras entidades de similar estatuto) e o não são, é caso para dizer que está muito "inquinada" a democracia na Madeira!
Mas Jardim, ele próprio, é vinho já azedado há muito e com borras antidemocráticas, cheirando a mofo...
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