1161. Bloco versus Liberalismo
Bloco de esquerda | Liberalismo | |
Casamento | O casamento pode ser entre um homem, uma mulher e o estado, entre dois homens e o estado, entre duas mulhesres e o estado ... Mesmo aqueles que não desejam casar-se e vivem juntos estão casados com o estado. | Casamento é um contrato privado. Qualquer entidade da sociedade civil deve poder celebrar os casamentos que entender. A Igreja Católica deverá estar em concorrência com a Opus Gay. A marca de casamento tradicional deve ser reconhecida pela lei. |
Divórcio | O Bloco defende alterações a contratos em vigor que violam as expectativas de quem optou por eles de boa fé. Defende que o divórcio unilateral e sem custos para quem o pede deve ser obrigatório para todos os contratos de casamento, medida que os tornaria inconsistentes. | Divórcio unilateral opcional. A escolha deve ser feita no momento da união legal e nunca a meio do casamento. A marca casamento só pode ser utilizada pelos contratos que usem regras de divórcio semelhantes às tradicionais. Uma vez aceites, as regras de divórcio só podem ser mudadas por acordo entre as partes e nunca pelo legislador. |
Bloco de esquerda | Liberalismo | |
Subsídio e privilégios sociais dos casados /unidos | A favor. | Contra |
União de facto | Para o Bloco trata-se de mais uma forma de casamento entre duas pessoas que não se querem casar e o estado. Pessoas em união de facto têm uma série de deveres e uma série de direitos que nunca pediram. | Sem valor legal, excepto se puder ser considerada um contrato informal. |
Drogas | Para o Bloco, o estado deve impedir o tráfico, é responsável pelas decisões de cada um tomar drogas e está obrigado a construir salas de chuto. | À liberdade de tomar drogas corresponde a responsabilidade pelas consequências. |
Adopção | É um direito do adoptante. Tem que ser respeitada a igualdade entre adoptantes. | Os direitos da criança prevalecem sobre o direito à igualdade entre adoptantes. A selecção de adoptantes tem que ser obrigatoriamente discriminatória. |
Religião | Os militantes do Bloco de Esquerda gostariam de escolher o Papa e não reconhecem o direito da Igreja Católica se organizar de acordo com os seus próprios valores. São pela igualdade entre homens e mulheres no seio da ICAR. | A liberdade religiosa implica que as organizações religiosaas se possam organizar de acordo com os seus valores. A ICAR tem todo o direito de discriminar de acordo com o sexo naquilo que diz respeito à sua organização interna. |
Liberdade de Expressão | Organizações neo-nazis não têm o direito de se manifestar. | O direito à liberdade de expressão é igual para todos. |
Aborto | A favor porque a mulher é dona do seu corpo. Ou a favor por razões puramente instrumentais. | Há um conflito de interesses entre a mulher e o feto. |
Poligamia | Ainda não é um assunto fracturante, mas podemos prever a posição do bloco: a quinta mulher de um polígamo também deve ter direito à pensão de viuvez. | Problema privado. |
No Blasfémias [via Inominável], no seguimento da obsessão dos blogues liberais com o Bloco de Esquerda, surge esta (acrescento que muito bem conseguida) colectânea de posições. Apesar de eu não ser nem liberal nem "bloquista" no entendimento da economia confesso que, nestas questões "sociais", sou próximo de algumas das ideias aqui expostas mas nem todas na mesma coluna. Espero que os liberais não comecem a investigar os meus critérios, que parece que têm que ser coerentes de forma absoluta (na mesma lógica do agente racional da teoria económica), e que nem os "bloquistas" comecem a desconfiar da minha humanidade por partilhar alguns pontos de vista liberais. Por fim, e como nota de rodapé sobre estes quadros, duvido que, mesmo entre "bloquistas" e liberais, haja consenso nestas posições porque há sempre várias sensibilidades (por exemplo, os mais e menos conservadores).
Etiquetas: Política Nacional
5 Comments:
At 12:17 da tarde, Anónimo said…
Tem mérito este quadro sem prejuízo de entender que nem todas as posições identificáveis como sendo do Bloco o são ... mas adiante.
Identifico-me com uma posição dos liberais. Na questão da liberdade de expressão.
Sobre as questões religiosas e a poligamia é especular sobre a posição do Bloco
Tenho curiosidade em conhecer as tuas posições.
At 4:49 da tarde, Ricardo said…
Fernando,
Posso dar-te uns exemplos em que acompanho a posição da coluna da direita (digo coluna da direita porque não reconheço este quadro como algo "oficial"):
- Sou contra a discriminação positiva entre casados/ unidos em relação aos solteiros no que toca a subsídios. Defendo, porém, incentivos à natalidade não necessariamente fiscais mas no apoio à educação, entre outros;
- Considero que as uniões de facto não deviam ter repercussão legal (na excepção de, por exemplo, direitos de visita em hospitais) porque quem quer usufruir dos direitos da união também tem que cumprir os deveres e para isso há o casamento civil. Quem quer abdicar de direitos e deveres deve ter essa opção;
- A liberdade de expressão deve existir mesmo para grupos neo-nazis, no respeito pelas leis que proíbem o incitamento, por exemplo, à violência;
São alguns exemplos. Noutros pontos, por exemplo o da droga, sou a favor das duas posições que não considero serem exclusivas. Noutros estou situado na coluna da esquerda como, por exemplo, na questão do divórcio (apesar de compreender a questão da retroactividade).
Abraço,
At 9:36 da tarde, sabine said…
Desculpa, mas o único comentário que essas tabelas e os teus comentários a elas é este: LOL!
At 11:19 da tarde, Ricardo said…
Sabine,
Da tabela podes rir à vontade, com ironia até, mas do meu comentário o riso só pode ser motivado pela minha capacidade de produzir humor de qualidade ;). É, não é? hehe
bjs e obrigado pela visita,
At 3:34 da tarde, Anónimo said…
Quando quero formar uma opinião sobre a coerência de um liberal, tento saber:
- O que é que ele pensa sobre a liberalização das drogas.
- O que é que ele pensa sobre o imposto sucessório.
- O que é que ele pensa sobre a imigração.
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