25 de Abril de 2004 (14) – Cinema Paradiso – The Brown Bunny, de Vincent Gallo
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Assombroso! Vincent Gallo é caricato, é uma personagem densa como pessoa e cineasta. Mas também é uma pessoa difícil de descrever, de recomendar e de defendar. Quem afirma, com a cara mais séria do mundo, que só não se suicidou porque não queria que outras pessoas ficassem com os seus bens, quem afirma isso, repito, não é uma pessoa facilmente descritível. A sua obra também não é fácil de descrever, porque é um reflexo da pessoa. Também não é uma obra fácil de defender e recomendar porque o narcisismo do cineasta é genuíno e infecta também a sua relação com os espectadores, estes também são para ignorar porque o mundo gira à volta de uma só pessoa. Porém, neste caso, nota-se um sofrimento quase fantasmagórico por uma mulher. O sofrimento é genuíno, tudo é genuíno o que tornam as emoções sentidas ao ver um filme mais intensas.
É contagiante ver, pela primeira vez, um bom filme numa sala de cinema. Não sei se é um bom filme mas, na minha opinião, desperta emoções, é crú, não nos deixa indiferentes. E, na minha opinião, um bom filme é aquele que desperta-nos qualquer sentimento, seja de alegria, tristeza, repulsa, enfim! O filme vai ficar conhecido por outras razões, muitos vão detestar (houve saídas a meio do filme)... eu gostei, devo ser masoquista, porque fui tão maltratado como espectador como todos os que cruzaram a personagem no filme. O narcisismo é tanto que Gallo é realizador, produtor, argumentista, actor, editor, operador de câmara, entre outros papeis. Não vou defender nem a pessoa nem a obra... mas viva a intensidade e a genuidade dos sentimentos, goste-se ou não. Uma nota à coragem de Chloe Sevigny, polémica como sempre, contra a corrente de puritanismo que varre a América.
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