29 de Abril de 2004 (19) – Angola: tenham vergonha!
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Não sei que tipo de acordo foi feito para (re)negociar a dívida angolana, por isso não posso falar com autoridade do negócio. Mas posso fazer um comentário: que raio de política externa é essa que temos.
O Presidente Angolano, sua família e colaboradores, desviam incontáveis milhões da própria população, são corruptos e corrompem, criam imunidades diplomáticas artificiais, pondo em causa instituições como a UNESCO, massacram e deixam massacrar. A Guerra Civil acaba com a cooperação militar portuguesa (modesta mas significativa!) com o massacre dum dos lados que perdeu a credibilidade ao não aceitar o resultado das eleições. Mas Savimbi e a sua UNITA não são a antítese da MPLA nem de José Eduardo dos Santos, são faces da mesma moeda. São o resultado dum colonialismo português que não educou os seus futuros líderes, que inviabilizou a sua aprendizagem.
Como se isto não bastasse o nosso Primeiro Ministro, que não pode separar o homem do cargo, aceita convites pessoais para estar no casamento da filha de José Eduardo dos Santos, numa festa tão farta e vistosa que deve ter deixado os Angolanos sem comida na boca literalmente. O homem Durão Barroso, enquanto fôr Primeiro Ministro, não pode dar sinais destes, nem pode vender a Quinta da Falagueira e ir passar o fim do ano à ilha do comprador. Para se ser sérios temos de parecer sérios. Tenho a certeza que Durão Barroso é sério, falta parecer.
Os cidadãos portugueses têm, mais do que nunca, o direito de saber, em pormenor, o que foi negociado com Angola. Porque se a corrupção está provada, se o dinheiro mesmo após a Guerra Civil não chega à população Angolana temos, repito!, o inegociável direito de saber os pormenores destes negócios. A nossa política externa tem de reger-se por princípios universais e, só depois, por nuances nacionais (interesse nacional). Não me parece o caso! Shame on you, Mr. Durão.
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