(123) Fahrenheit 9/11
Fahrenheit 9/11
Fui ver o filme Fahrenheit 9/11. Era inevitável! Sai bastante desiludido porque se já não gostava do estilo de Moore, achei o filme muito forçado e motivado por um plano de vingança pessoal. Até o humor sarcástico de Bowling for Columbine não esteve presente neste filme de forma natural.
Mas o filme obriga-nos a reflectir sobre alguns temas. Posso não gostar do tom e da forma manipuladora do autor mas tudo está bem documentado!
- A eleição de Bush: Cada vez estou mais convencido que em pleno século XXI os EUA decidiram o seu Presidente na "Secretaria". A manipulação dos media (através da Fox, por intermédio de um primo), a exclusão de grupos raciais dos cadernos eleitorais (pelo Governador da Florida, irmão), a onda de prisões nos dias anteriores à votação, a contagem e recontagem feita (pela empresa da chefe de campanha), a decisão do Supremo (juízes próximos do pai).
- A ligação de Bush à Arábia Saudita: Continuo sem perceber como um país como os EUA deixa o seu Presidente e colaboradores terem relações tão nebulosas (antes e depois de ser eleito) com dinheiro proveniente de países com ditaduras, de empresas de armamento e de reconstrução. A "fuga" da família Bin Laden da América chega a ser caricata, não menos que a empresa que mais lucrou com o 9/11 pertencer em parte à famíla Bush e Bin Laden.
- O Iraque: A manipulação do povo Americano para a necessidade de atacar o Iraque (armas de destruição em massa e ligações à Al Quaeda que são comprovadamente exageradas) foi a parte do filme mais mal explorada. Os exemplos são lamechas e forçados, as imagens desconexas, as conclusões precipitadas. Fica, porém, mais uma certeza. Foi uma guerra pensada para dar a ganhar dinheiro aos empresários ligados à Administração Bush e para desviar as atenções a países menos lucrativos (até prejudiciais às finanças da família Bush) mas com muitas mais ligações ao terrorismo. Relembro que Saddam sempre teve relações difíceis com a Al Quaeda, impedindo a sua infiltração no país. Mas deste é que eu não tenho mesmo pena.
Artisticamente o filme é fraco, como documentário tem um estilo que não gosto, como filme denúncia faz-nos reflectir. Só não compreendo como nas terras do tio Sam isto é possível, a mesma América que crucificou Clinton pelas suas fraquezas sexuais não tomar medidas em relação a tanta corrupção, denunciada pelo próprio relatório sobre o 9/11 elaborado pela comissão 9/11. Uma coisa é certa, recomendo a leitura dos factos (de forma atenta e dando o devido desconto) e ficar de boca aberta. Os factos não têm sido contestados, mas sim a manipulação destes por Moore, mas ainda ninguém contestou nem os números nem as questões de fundo. E esta, hein!
3 Comments:
At 10:48 da manhã, Unknown said…
Também fui ver o filme. Também fiquei um pouco decepcionado.
Mas por razões totalmente diversas.
O realizador tenta apresentar-nos os actuais Estados Unidos como um país roubado à democracia por uma família, a família Bush com o apoio financeiro da família Bin Laden.
Os factos apresentados a favor desta tese são arrasadores.
Só que eu não acredito nela. Não acredito que a família Bush seja tão poderosa.
Parece-me óbvio que o problema é muito mais profundo, a família Bush, Bin Laden e muitas outras famílias dominam os Estados Unidos com ou contra o povo americano, isto é, se o povo concordar muito bem, se não concordar que se lixe o povo, aldrabam-se as eleições.
É que não dá para acreditar que o único estado em que houve chapelada eleitoral foi na Flórida. Na altura também se falou em problemas no Novo México e noutros estados. E é isso que é lógico. À partida a Flórida não era determinante para a eleição, a haver fraude haveria em vários estados. E é isso que deve ter acontecido. Só que na Flórida a coisa correu mal e apareceu “à luz do dia”.
Depois a família Bush até deve ser das menos poderosas do tal grupo. Tem importância por ter tido um dos seus como Director da CIA, como vice-presidente dos Estados Unidos e dois seus como presidentes dos Estados Unidos.
E, dentro da família Bush, um dos mais fracos parece ser o actual Presidente, fraco mas obediente...
É que, no mundo actual, a democracia parece estar em queda. Não como nos anos trinta, substituída por regimes autoritários e antidemocráticos, mas numa versão moderna orweliana em que se fazem juras de democracia e depois faz-se o que se quer, quer o povo o queira quer não.
Não me refiro só aos Estados Unidos, refiro-me ao mundo inteiro, Europa incluída, Europa em que se fizeram referendos de adesão à EU muito suspeitos, mas que ninguém põe em causa, Europa em que quem não concorde com a integração europeia deixa de ter acesso aos órgãos de comunicação social, Europa em que quando o resultado de um referendo não agrada se faz a repetição do referendo uns meses depois com outras regras, etc., etc.
Sim, devemos estar a assistir ao ocaso da democracia... que descanse em paz...
(coloquei também esta resposta no meu blog http://cabalas.blogspot.com)
At 11:27 da manhã, Unknown said…
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
At 11:31 da manhã, Unknown said…
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