Filho do 25 de Abril

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domingo, novembro 07, 2004

(227) The Manchurian Candidate, de Jonathan Demme


Este filme tinha tudo para ser um grande filme. Um conjunto de actores de excepção e um realizador que se enquadra perfeitamente neste tipo de história. Mas era um projecto condenado à partida porque o argumento que suporta o filme tem tanto de interessante como de confuso e forçado, chegando mesmo a ser excessivamente irrealista.

Jonathan Demme é perfeito para este tipo de filme. Os seus close ups e a filmagem claustrofóbica que é a sua imagem de marca funciona bastante bem em thrillers psicológicos. Não foi aqui que o filme falhou, muito pelo contrário. Também os actores foram bastante bem escolhidos havendo mesmo algumas cenas em que Meryl Streep esteve brilhante sendo só pena que a sua interpretação não tivesse sido muito homogénea. Já o argumento tinha muitos twists forçados, situações descoladas da realidade e acabava por ser demasiado caricatural.


O que é mais interessante constatar é a forma como já se nota claramente os efeitos da nova América em Hollywood. Uma América centrada na segurança mas paranóica e desconfiada. Uma América que aceita a perda de liberdades e garantias como algo que já aconteceu, que já está assimilada. E depois que já aceita livremente a influência das empresas nas decisões de guerra, na escolha dos candidatos e na sugestão das massas. Ainda recentemente vi dois filmes, Mulheres Perfeitas e A Vila onde o medo leva à busca por um lugar seguro, por uma fortaleza! Neste filme a segurança total é um conceito já exorcizado mas o Americano simplesmente ainda não sabe lidar com a certeza da sua ausência.

O cinema finalmente incorporou a nova realidade da América. Da comédia à ficção científica a abordagem mudou só que ainda ninguém sabe o tom adequado. Se a ingenuidade da era Reagan ou se o tom conspiratório da era Nixon. Quem viver verá...

8 Comments:

  • At 12:52 da manhã, Blogger BlueShell said…

    Estou em crer que já tudo dorme!

     
  • At 2:04 da manhã, Blogger Unknown said…

    A nova realidade da América lembra-me (ainda vagamente) uma obra de Robert Heinlein que li há muitos anos, "Revolt in 2100" (ver por exemplo http://www.wegrokit.com/revolt_in_2100.htm).
    O autor descreve os Estados Unidos governados por um Profeta que instituíu uma ditadura religiosa.
    Isto não lembra nada?

     
  • At 11:38 da manhã, Blogger Didas said…

    Sim, parece-me que hei-de ir ver. Só não curto muito a Meryl, mas enfim.

     
  • At 2:43 da tarde, Blogger Politikus said…

    Infelizmente ainda não vi nenhum dos filmes, só a vila. Vou seguir a tua recomendaão... Ps- Vou anular o polittikus do sapo, pois é impossivel escrever nele...

     
  • At 5:05 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Queria avisar os meus atentos leitores

     
  • At 5:08 da tarde, Blogger Ricardo said…

    Queria avisar os meus atentos leitores que eu não recomendei o filme. Aliás nem gostei especialmente do filme, apesar de ter gostado de algumas coisas. O argumento não necessitava de ser tão irreal para nos fazer acreditar em coisas que já acontecem na "vida real".

     
  • At 10:13 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Boa crítica Ricardo, obrigado por me teres chamado à atenção que também a tinhas feito.
    A quem está a pensar ver o filme, sugiro que leiam também o que escrevi aqui: http://ditocujo.weblog.com.pt/arquivo/163845.html. Na minha humilde opinião estão a perder o vosso tempo. Vão gastar o vosso dinheirinho em algo mais interessante, menos recambolesco, que faça mais sentido mas que, acima de tudo, não ridicularize a este ponto a influência das grandes empresas na escolha de candidatos políticos e nas suas decisões.

    Dito Cujo - http://ditocujo.weblog.com.pt/

     
  • At 12:37 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Critica muito interessante que entra em concordancia com o que defendo. Bom trabalho. Keep up ;-)

    Miguel Lourenço Pereira

     

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