Filho do 25 de Abril

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sexta-feira, janeiro 14, 2005

(292) Quem me dera que eu fosse o pó da estrada

Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...

Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...

Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...

Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena...


Alberto Caeiro

1 Comments:

  • At 6:58 da tarde, Blogger Pedro F. Ferreira said…

    Meu caro, parabéns pela escolha do mestre Caeiro. No entanto, atendendo ao estado do nosso país, que tal "O livro do desassossego", do Bernardo Soares.

     

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