Filho do 25 de Abril

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terça-feira, janeiro 25, 2005

(308) O “deslize” de Louçã

Eu confesso que, quando assistia ao debate entre Portas e Louçã, só me apetecia entrar pela sala onde o debate realizava-se e dizer em voz alta: Basta! De um lado um paternalismo de Estado recém adquirido pelo “estágio” no Estado, do outro o paternalismo de quem é defensor de todas as causas sociais modernas. Portas é cínico, todos nós sabemos. É o que eu chamo de conservador moralista e consegue tirar qualquer um do sério. Agora é um exemplo de competência, de rigor, de solidariedade, enfim, um poço de virtudes. Esquece-se do rigor “Moderno” e “Independente” que andou a mostrar ao país. Esquece-se que ser solidário não é apresentar uma equipa de Governo quando tem um Governo negociado com o PSD. Esquece-se que ninguém pode dar lições de moral a ninguém.

Mas Louçã cometeu um erro capital! Respondeu a Portas duma forma desastrosa! Segundo ele (Louçã), Portas não tem o direito de falar-lhe de vida porque só ele gerou um filho, só ele conhece um sorriso duma criança. Eu nem vou entender estas afirmações com algum segundo sentido, apenas afirmo categoricamente que não têm sentido nem defesa possível! Eu sei que Louçã não é conservador, eu sei que não defende um modelo de família rígido e sei que a actual lei é uma hipocrisia! Mas não posso deixar de repudiar argumentos deste género, porque ninguém tem menos capacidade intelectual de defender os seus pontos de vista por ser homem, por não ter filhos, por nunca ter feito um aborto. Mas terá sido um deslize e uma crítica gratuita ou uma convicção? Pendo mais para o deslize apesar de ficar confuso quando vejo campanhas do BE com camisolas com a frase “Eu já abortei!”. Estão à espera que dê os parabéns ou que as chame de corajosas? Ou que é bom transgredir as leis quando a causa é justa? Desculpa, mas recuso-me a fazer isso! Apoio a mudança da lei, não estas iniciativas!

Eu não acho que se deva dramatizar o que aconteceu! Mas que este “incidente” sirva de reflexão aos dois. Um porque não deve ser moralista porque isso é uma forma intolerante de posicionar-se na vida e outro porque não pode intitular-se o paladino das causas sociais e mostrar essa arrogãncia na defesa das suas ideias porque acaba por ser outra forma de intolerância!

2 Comments:

  • At 7:50 da tarde, Blogger Unknown said…

    O Louçã irrita-me um pouco. Lembra-me o meu professor de moral dos tempos de escola. Embora a "moralidade" que nos tenta vender seja substancialmente diferente.
    Mas neste caso até concordo com o Louçã. Já toda a gente se esqueceu de que a discussão começou quando o Portas teve o descaramento de dizer que em vez de dizer que era contra o aborto preferia dizer que era pelo direito à vida.
    É obviamente demagogia e demagogia da pior. Se querer impedir o aborto é o mesmo que defender a vida então os que defendem o direito da mulher decidir se quer levar a gravidea adiante ou não, são contra a vida, são assassinos.
    Na prática o Portas estava a chamar assassino ao Louçã. Acho que o Louçã lhe respondeu bem. Que direito tem o Portas de dizer que quem discorda dele é mais ou menos um assassino que atenta contra a vida?
    Depois há um pormenor importante. O Portas é todo moralista, defende a família tradicional e toda a palanfernália que acompanha estas ideologias. Claro que tem todo o direito de a defender e não seguir, não contesto isso.
    Mas quando não segue e tenta impor aos outros legalmente (até com penas de prisão para quem não segue), não se pode queixar de ser desmascarado em público.
    Acho até que o Louçã foi muito suave...

     
  • At 2:39 da tarde, Blogger Politikus said…

    Bouçã é um erro de casting no palco político nacional é um facto, mas não será o mesmo que pedir a um padre para falar de sexo??? Ele fala, até percebe mas apenas na teoria... a prática é outra coisa..

     

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