Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

quinta-feira, janeiro 20, 2005

(298) A380




Apesar da apresentação do A380 já ter ocorrido há dois dias não podia deixar passar em branco este momento carregado de simbolismo para a Europa. Trata-se do maior avião do mundo, com capacidade até 800 passageiros mas que pode ser modificado consoante os objectivos dos clientes. Não vou aqui analisar a proeza tecnológica deste avião porque é uma área que não domino, mas não posso deixar de fazer uma análise superficial à importância deste projecto!

Este avião, construído pelo Consórcio Europeu Airbus, pretende fazer frente à Boeing e rivalizar com o seu Jumbo. Nos últimos anos a Airbus tem ganho uma impressionante quota de mercado através de aviões tecnologicamente mais arrojados que os da sua rival. Mas a Airbus tem um problema estrutural que não tem nada a ver com a qualidade dos seus aviões. Os Americanos têm uma política comercial agressiva misturando a diplomacia com o comércio com bastante eficácia. Não é raro assistirmos a negócios que envolvem o Jumbo com a obrigatoriedade do cliente comprar também Boeings de menor dimensão. Ou mesmo utilizar a indústria militar (a que a Boeing também pertence) para incentivar a compra de aviões comerciais. O A380 vem, pelo menos, minimizar os efeitos deste tipo de política por parte dos EUA.

A reacção dos EUA tem sido forte. Desde espionagem industrial até queixas à Organização Mundial de Comércio (OMC). É que a Airbus e a política de consórcios têm sido uma contradição com o resto da política industrial europeia de não intervenção dos Estados nas empresas. Este projecto envolve avultados investimentos de vários países europeus como a Inglaterra, a França, a Alemanha e a Espanha. Eu concordo com a política de consórcios e acho que os EUA não são um bom exemplo para andarem a queixarem-se de concorrência desleal uma vez que apoiam imenso a sua indústria com subsídios directos e fecham as suas fronteiras sempre que perdem o controlo de um produto (veja-se o aço europeu ou os Automóveis japoneses).

O sucesso deste modelo da Airbus vai continuar a depender mais da sua política comercial do que da qualidade do avião. Para já o sucesso a curto prazo parece garantido com 139 encomendas confirmadas. Se tudo correr bem este avião vai dar um impulso à indústria europeia e à aviação civil (com a redução de custos). Continua a ter o problema de, em 2009, apenas 29 aeroportos poderem receber este avião. Em 2008 a Airbus vai responder em força com o 7E7, um avião que aposta na redução do consumo de combustível. O novo projecto da Airbus para rivalizar com o 7E7, o A350, não está a ter um número de encomendas significativo.

Parabéns à capacidade tecnológica da Europa e vida longa para o A380!

*Tópicos Relacionados:
A imagem (gerada por computador) foi retirada desta ligação: http://www.aerospace-technology.com/projects/a380/a3801.html

4 Comments:

  • At 2:24 da tarde, Blogger armando s. sousa said…

    O Boeing 747-400 já é um avião excepcional, se como tudo indica em funçõa de todos os artigos que li sobre o A 380, ultrapassar em qualidade o Boeing 747-400, será um caso sério de conforto viajar nele.
    Faço por ano cerca de 10 viagens para a Ásia, especialmente Hong Kong, Singapura e Ho Chi Minh, estou muito curioso em fazer uma viagem neste avião.
    Welcome A 380!

     
  • At 5:16 da tarde, Blogger Unknown said…

    "Os Americanos têm uma política comercial agressiva misturando a diplomacia com o comércio com bastante eficácia."
    Todos os paíse, ou quase todos, nós "brilhamos" pela excepção, fazem isso.
    A França ou a Alemanha de nenhuma forma ficam atrás dos Estados Unidos.
    A mesma coisa quanto aos subsidíos. Quer os países europeus quer os americanos subsidiam as suas empresas. Os americanos fazem-no mais discretamente porque têm um grande orçamento militar e muitas vezes os subsídios vão mascarados de contratos de desenvolvimento para aplicações militares.
    A França, por exemplo, faz o mesmo mas em muito menor escala.
    O Airbus parece ser um optimo avião. É a resposta da Airbus ao Boeing 747 creio que de 1972...
    O que não impede que se dê os parabéns à Airbus e ao seu novo avião.
    É no entanto necessário fazer uma resalva, o Airbus não é um projecto europeu, é um projecto da Airbus, que creio que era inicialmente um consórcio franco-britânico a que se juntaram mais tarde outros países, a Alemanha e a Espanha, por exemplo.
    Nem Portugal, nem a Estónia ou a Finlândia têm qualquer coisa a ver com este projecto e no entanto também são paísses europeus...

     
  • At 5:57 da tarde, Blogger mfc said…

    A Europa tem que se afirmar como potência industrial competitiva... mesmo contra os EUA, se isso for necessário!

     
  • At 6:13 da tarde, Blogger Å®t Øf £övë said…

    É a tecnologia sempre em constante evolução.

     

Enviar um comentário

<< Home