(312) Difícil de comentar!
Após uma ausência forçada de alguns dias regresso às lides bloguistas! Há já algum tempo que ando desapontado pela forma como a liberdade que os blogues conquistaram tem sido utilizada. É tão bom escrever sem regras formais, sem regras morais, sem olhar para o politicamente correcto, sem a obrigatoriedade de identificação. Mas, infelizmente, os blogues também têm aproveitado essa liberdade para insultar, lançar boatos e denegrir a imagem das pessoas sem descanso! Há que reflectir sobre tudo isto até porque este meio refrescante de discutir a vida política (e não só) pode estar a ser seriamente prejudicado pela acção de alguns.
Mas não pensem que são só os blogues que têm contribuído para o degradar da discussão pública. Veja-se Santana Lopes, descrito por Ana Sá Lopes, no Público, após mais um apoteótico comício:
"A pantomina da democracia portuguesa iniciada em Julho passado assume agora foros de irrealidade: o homem já não tem nada para vender. Resta-lhe o currículo conhecido do eleitorado através das "revistas do coração", onde se passeava semana sim semana não - foi casado várias vezes, namorou algumas raparigas. Ontem lançou o mais estranho mote da campanha eleitoral: votem em mim porque eu gosto de raparigas. Chegámos ao patamar que nunca pensámos atingir na política. Só um miserável - e quem é Santana Lopes, neste momento do campeonato, senão um pobre despojado de qualquer bem válido para a polis? - pode utilizar em comícios, como aquele em que ontem participou, com 1000 mulheres, em Braga, o facto de ser aquilo a que se chama, em alguma gíria, "um femeeiro". Já tínhamos visto o absurdo de políticos desesperados a utilizar a estabilidade familiar como argumento de campanha - que foi o que João Soares fez contra o próprio Santana Lopes na campanha de Lisboa. Agora, vem o primeiro-ministro de Portugal rodear-se de mulheres que dizem que ele é "conhecido pela sua natureza sedutora" e "ainda é do tempo em que os homens escolhiam as mulheres para suas companheiras".
O fervor homofóbico é espantoso e quase irreal. Num comício de Lopes grita-se: "Bem hajam os homens que amam as mulheres!". E o primeiro-ministro candidato a novo mandato diz que "o outro candidato tem outros colos" e que "estes colos sabem bem"."
Não tenho por hábito lançar ou alimentar boatos! Resolvi comentar este infeliz incidente porque o nosso Primeiro Ministro resolveu retirar do anonimato dos blogues este assunto e lançá-lo para a praça pública! Tem-no feito das mais diversas formas (os meninos que não brincam, lançar o casamento de pessoas do mesmo sexo para a agenda política, os colos) e faz-me vir aqui, contra tudo o que defendo, dizer também: Basta! Desta vez também ajudo a alimentar um boato porque há um candidato que acha que é interessante discutir isto na praça pública! Não haverá ninguém que cale este senhor?
4 Comments:
At 5:28 da tarde, armando s. sousa said…
Nunca vi uma campanha mais vil, de crítica destrutiva, tricas pessoalizadas, do que a campanha que está em curso. É triste que, apenas 30 anos após as conquistas de Abril, todo o discurso é ideológicamente vazio.
At 5:28 da tarde, Pedro F. Ferreira said…
Santana é, em tudo, um fraco. Só um fraco se comporta como Santana. Esse artigo do "Público", na minha opinião, peca por defeito. A elevação na crítica só é possível com criaturas com o mínimo de elevação.
At 6:05 da tarde, Unknown said…
Comentar esta campanha é participar nela.
Foi, desculpa a franqueza, o que acabastes de fazer.
O melhor comentário que se pode fazer a esta campanha é ignora-la.
At 8:02 da tarde, pindérico said…
Para este tipo de confronto só tenho um adjectivo:-desprezível!
Santana Lopes, que apesar de tudo não é burro,já percebeu que ficar sozinho naquele charco lhe custará muito caro. Daí que tente arrastar para lá o debate (ía escrever "político"!).
É preciso que fique mesmo só!
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