Filho do 25 de Abril

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sexta-feira, julho 15, 2005

498. “Abu Ghraib Tactics Were First Used at Guantanamo”



"Reasonable people always suspected these techniques weren't invented in the backwoods of West Virginia"
Tom Malinowski, the Washington director of Human Rights Watch

Cada vez torna-se mais claro que os incidentes de Abu Ghraib não foram actos isolados de soldados “maléficos”! Meia dúzia de soldados foram alvo de sanções exemplares para tentar provar ao mundo que não havia uma estratégia coordenada a partir do Pentágono para incentivar a tortura e humilhação (física, psicológica e sexual). Mas o quadro começa a ficar mais claro!

É que uma investigação pedida pelo Senado americano dá indicações claras que as torturas já eram uma prática corrente em Guantanamo e que teriam sido autorizadas por Rumsfeld. A humilhação sexual foi incentivada a partir do topo da hierarquia. Já não bastava haver prisioneiros que não são julgados e agora fica claro que a falta de respeito mínimo pela sua dignidade foi coordenado.

Mais pormenores aqui!

Como é que deixamos o mundo ficar tão frio e perigoso? Como é possível sermos indiferentes a esta regressão no respeito pelos direitos humanos no mundo? Será assim que vamos resolver o problema do terrorismo? Será que não é inevitável haver efeito “boomerang”?

22 Comments:

  • At 10:31 da manhã, Blogger Platero said…

    É óbvio que este tipo de práticas era corrente, a única diferença é que houve alguém que se entusiasmou e tirou as fotografias e especialmente, as divulgou.

    Tiveram então de arranjar bodes expiatórios de modo a salvar a cara e a posição dos políticos que deram as ordens.

     
  • At 2:03 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Ricardo,

    Como é possível que pactuemos com quem institucionaliza a violação dos direitos fundamentais do Homem?
    Mais, como é possível que incentivemos e legitimemos essa instituicionalização?

    Um beijo,

     
  • At 2:24 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Leia-se: «institucionalização»

     
  • At 3:53 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    A relação entre esta situções e o terrorismo está a ser postada e comentada(!!!) com muita elevação no Quase em Português.

     
  • At 6:18 da tarde, Blogger Pedro F. Ferreira said…

    Como vês, para os americanos há Direitos mais Direitos do que outros e Humanos mais Humanos do que outros. Santa hipocrisia.

     
  • At 6:35 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Vou ser de um cinismo atroz.Se quiserem expulsem-me do blog.
    Os oficiais americanos permitiram que os guardas usassem telemóveis com camara? Que falta de competência profissional!
    Quantas fotografias destas há da nossa Guerra Colonial??
    Em que guerra não se torturam os prisioneiros ?
    Em que guerra não há execuções sumárias?
    Há torturas mais éticas que outras?
    A tortura ,para obtenção de informações, o sadismo e o abuso sexual são indossiáveis.
    Será que a divulgação foi uma manobra perversa da Inteligência americana , ou simples incompetência e falta de rigor técnico?
    Será que foi casual, porque eram presos sem inportância, guardados pelos soldados mais básicos do exército americano (os do Sul)aos quais não era suposto serem torturados. Digo isto, porque a tortura para obtenção de informações foi sub-subcontratada a empresas civis especializadas.
    E destas não há imagens.
    No centro deste inferno na terra, dá-se opinião?
    Estarei maluco com alucinações?
    Estou a pensar serenamente ?

     
  • At 12:01 da manhã, Blogger Ricardo said…

    Platero,

    O que me preocupa neste tipo de situações é a dificuldade que vamos ter, no futuro, em exigir que respeitem os direitos humanos. Não só em relação a prisioneiros mas em geral. Temos que ter extra cuidado para não nos tornarmos cada vez mais parecidos com os que combatemos...

    Abraço,

     
  • At 12:06 da manhã, Blogger Ricardo said…

    Anastácia,

    Mesmo as nossas suaves críticas são uma forma de pactuar com estas atitudes. Temos que ser enérgicos no combate a estas atitudes para não ficarmos cada vez mais iguais a quem queremos combater.

    Um beijo,

     
  • At 12:09 da manhã, Blogger Ricardo said…

    hmémnon,

    O problema dos dois pesos e duas medidas vai provocar com que fiquemos sem saber porque estamos a combater! Chega a uma hora que já nem percebo o que queremos alcançar...

    Abraço,

     
  • At 12:24 da manhã, Blogger Ricardo said…

    C. Indico,

    Não conheço o blogue. Mal tenha tempo vou espreitar!

    E aqui ninguém expulsa ninguém. No máximo ignoro quando estou revoltado com o que escrevem o que não é o caso!

    Uma situação é a guerra convencional em que acontecem imensas situações que são criticáveis. Eu compreendo algumas e outras são, com justiça , levadas a tribunal. Esta guerra tem características diferentes. Em teoria não teve um início nem terá um fim. Mas isso não é justificação para deitarmos fora todos os progressos civilizacionais que conquistamos.

    Usar abertamente tipos de tortura que são preparados para violentar as crenças civilizacionais do "inimigo" não me parecem úteis. Até porque ninguém sabe se, no conjunto de prisões, os "prisoneiros" são culpados do mesmo tipo de crimes. Uns devem ser simples soldados, outros terroristas, outros simplesmente muçulmanos. Isto porque não houve nem está programado haver julgamentos e, muito menos, direito a defesa.

    Quais são as consequências deste comportamento? Essencialmente duas! Uma é que cada vez mais os direitos humanos são um trunfo civilizacional que podemos usar com cada vez mais dificuldade e pode provocar comportamentos iguais nestas situações sem termos legitimidade de impor outras atitudes. Outra é que pode acontecer que, um de nós, um dia possamos ser presos sobre suspeitas de algo maléfico e não nos podermos defender dos nossos próprios Governos.

    Abraço,

     
  • At 1:04 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Uma das "razões" que se invoca para as conquisas dos aliados é a defesa dos valores ocidentais. Estas atitudes mostram, claramente, que não é nada disso que está em causa.

    Invasão do Iraque - Armas de destruição massiva, ditadura de Saddam.

    Invasão do Afganistão - 11 de Setembro.

    Invasão do Paquistão ou Irão - armamento nuclear, atentados de Londres?

    O engraçado é que todos estes países, por coincidência têm petróleo.

    Quem deu procuração aos EUA para serem polícias do mundo? Tanto me faz que sejam os EUA a possuir armamento nuclear como a China, a Rússia, o Paquistão, a Índia ou a França.

    A guerra no Iraque já custou 100.000 mortos ao Iraque. Aos aliados menos de 2.000.

     
  • At 10:35 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Indico

    Não acho que sejas um cínico atroz.
    As tuas comparações com a actualidade é que me fazem discordar contigo.
    Todo o mundo viu e recordará, começando por nós, as atrocidades que cometemos na nossa Guerra Colonial. Fomos condenados pelas Nações Unidas e veementemente pelos estados Unidos e com toda a razão.
    Estávamos em guerra, muita dela de guerrilha, em guerra tudo pode acontecer, mas houve situações que se trataram de puro terrorismo gratuito por parte dos Portugueses.
    Os nossos erros, a nossa História contempla-os para que nunca os esqueçamos e pedimos desculpas (será suficiente?) pelos excessos que cometemos e que não são necessariamente inevitáveis numa guerra.
    No mundo Ocidental, mesmo com muita hipocrisia de países como a França, Estados Unidos, a nossa mais velha aliada a Inglaterra (que mantêm colónias), condenaram-nos pela insistência de mantermos um Império, que manifestamente nos era impossível de manter e não era da vontade dos seus povos viverem subjugados à nossa Bandeira.
    Dito isto, discordo contigo, que ainda hoje e precisamente pelos países que nos estigmatizaram, tenham retrocedido civilizacionalmente e recomecem, ou melhor continuem a dar seguimento a técnicas atentatórias á dignidade humana, porque mesmo em guerra, existem regras.
    Qual a moral destes países? Alguma vez algum deles (nos tempos recentes e em acontecimentos recentes) admitiram os seus erros?
    A França farta-se se desestabilizar os países africanos, promovendo quase às claras Golpes de Estado (mas não invadiu o Iraque, valha-nos isso), os Estados Unidos que guardam orgulhosamente a Carta dos Direitos Humanos, são quem mais violam estes direitos que se dizem invioláveis, começando pelo seu próprio território, onde praticam a pena de morte e estendendo-se em “polvo” pelo planeta, como é o caso inqualificável de Guantanamo e até suspeita-se de navios de Guerra em Águas Internacionais que funcionam como prisões.
    O que é isto?!
    Será isto admissível nos nossos dias, em regimes ditos democráticos e defensores da liberdade?
    Não Indico. Para mim é inqualificável e só fragiliza o mundo Ocidental que perde a Razão para reclamar respeito pelo Ser Humano. A isto é que eu chamo cinismo atroz e com cobertura das mais altas instâncias destes países e com consentimento ou fechar de olhos dos países Democráticos do Hemisfério Ocidental.

    Um abraço

     
  • At 3:47 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Ricardo:
    Quanto a mim, a única forma de estarmos bem no mundo é estarmos bem com a nossa consciência.
    Creio que algumas consciências limpas começam a impor-se, como no caso do excelente comentário do anónimo, que precede este; de alguém que gostaria de saber quem é e a quem expresso o meu respeito.
    Estás a ter um papel meritório nesta "reunião de consciências".
    Parabéns.
    Um abraço

     
  • At 4:01 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Anónimo,
    só te falta um parágrafo.
    É que as chefias libertadoras da nossas ex-colónias, rápidamente se aliaram a potências ocidentais e transformaram os seus povos em legiões de miseráveis, expoliados de tudo o que diz respeito á dignidade humana.
    Vais dizer : "coitados, foram enganados pelos capitalistas"?

     
  • At 4:01 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Anónimo,
    só te falta um parágrafo.
    É que as chefias libertadoras da nossas ex-colónias, rápidamente se aliaram a potências ocidentais e transformaram os seus povos em legiões de miseráveis, expoliados de tudo o que diz respeito á dignidade humana.
    Vais dizer : "coitados, foram enganados pelos capitalistas"?

     
  • At 6:08 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Indico

    Não me esqueci de parágrafo nenhum.
    O cinismo das potências Capitalistas e Socialistas é exactamente o mesmo( No Capitalismo o Homem explora o Homem, no Socialismo é o oposto).
    Achas que eu penso, ou pensei alguma vez, que o que os Americanos ou os Soviéticas queriam a liberdade dos povos?
    Se eu não conhecesse o que era a União Soviética e os seus satélites de leste e os Americanos, Franceses e Britânicos, admitiria que eram genuínas as suas intenções.
    Ingenuidade meu amigo, é como a inocência de criança. Os anos encarregaram-se de apagar.
    Quanto às elites que emergiram nas nossas ex-colónias, são tão corruptas e malignas como os seus apoiantes. Todos eles procuram sacar o máximo que puderem, é uma comunhão perfeita de cinismo atroz. Só é lamentável que este cinismo leve a situações de pobreza absurdas e inqualificáveis, mais uma vez, sem que se aponte que os responsáveis são os governantes e quem os apoia internacionalmente.
    Dou-te o exemplo de Angola, país riquíssimo, um dos mais ricos do mundo em recursos naturais, onde o graça a corrupção a olho nu, onde quando casa a filha do Presidente, há festividades durante uma semana, com convidados ilustres, como o Primeiro-Ministro de Portugal, actual Presidente da Comissão Europeia, que fez questão de dizer que ia como amigo da família.
    E o avião Presidencial de José Eduardo dos Santos. São balúrdios de milhões. É uma grande necessidade um presidente de um país que viveu em guerra ininterrupta quase 40 anos, em que o povo vive abaixo do limiar da pobreza, este senhor se fazer deslocar num avião que parece um palácio.
    Ninguém é capaz de apontar o dedo a estes senhores. Todos mamam da mesma teta.
    Como vês, não me esqueci de nenhum parágrafo, fizeste-me foi acrescentar mais parágrafos para ser mais minucioso e menos conciso.

    Um abraço

     
  • At 1:04 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Concordo, em absoluto, com o que foi dito pelo anónimo.
    Quanto a Angola, se o Zédu "come" tanto, quanto comerão os que o apoiam? É óbvio que outros interesses mais altos estão por detrás...

     
  • At 2:09 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Relativamente aos títeres africanos, considero que sentimos um certo "prazer" quando lhes podemos apontar defeitos. Eu não aponto, não porque pretenda desculpabilizá-los da corrupção escandalosa que praticam, mas porque achamos muito bem que haja uma raínha de Inglaterra, um príncipe espanhol, um Bush, etc., tudo gente que tem direito a altíssimas honrarias. Porém os "Zédus", que permitem que todos esses tenham uma bela vida à custa dos seus escravos, não deve ostentar riqueza. Qual a real diferença?

     
  • At 2:11 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Corrijo: "...não devem ..."

     
  • At 10:41 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    TNT

    A diferença é abismal.
    Eu sou republicano e defendo um Estado laico, mas nada posso ter contra as democracias que preferem viver em Monarquia.
    A Suécia tem um rei, que não tem poderes nenhuns, é uma figura meramente decorativa que custa balúrdios ao Estado e é ver a sua consorte, a rainha, quando vai a um acto oficial, a quantidade exorbitante de quilates de ouro e diamantes de que se cobre.
    Os povos destes países democráticos, assim o permitem e assim o querem, caso contrário as monarquias e as regalias que muitos líderes auferem, seria coisa do passado.
    A rainha de Inglaterra ostenta e possui uma riqueza descomunal, mas obrigaram-na a pagar impostos. A Câmara dos Lordes Ingleses deixará de ser hereditária.
    Enquanto o povo quiser, estas regalias e ostentações continuarão, como acabarão.
    É a grande, muito grande diferença em relação aos líderes Africanos e de outras “democracias” de outras paragens, em que o povo não tem uma palavra a dizer.


    Um abraço

     
  • At 5:18 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Sim, anónimo. Julgo que, se se promulgassem leis "democráticas" (as leis servem, em geral, para legalizar situaçãoes imorais) que permitissem aos "Zédus" possuir grandes fortunas, tais como os "reis" dos países democráticos, ninguém falaria. Uma mera questão formal.
    Um abraço

     
  • At 7:56 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    TNT

    Não exageremos!
    Obviamente se por exemplo o Governo holandês legislasse no sentido que 50% do PIB dos Países Baixos fosse para os cofres da sua amada e sorridente soberana, o Governo e a rainha Beatriz iriam passear.
    Não rolariam cabeças, porque a revolução Francesa não é exemplo literal a seguir nos nossos dias, mas não duvides que a dinastia dos Orange findava.
    Se me perguntares se eu concordo com estas mordomias, digo-te que não, mas são democraticamente consentidas, ao contrário, por exemplo, das monarquias do Golfo, que são autoritárias e a fortuna do petróleo está nas mãos de uma família real que põe e dispõe do país, tal e qual “ L’ état c’est moi “.

    “as leis servem, em geral, para legalizar situações imorais”.

    Se me dissesses que as leis servem, às vezes, para legalizar situações imorais, não podia estar mais de acordo. Mas quando se descobre o “rabo de fora”, tiram-se consequências disso, até mesmo em Portugal, onde já disse e volto a repetir que as leis não são para cumprir, mas sim para tornear, mas lá de vez em quando, quando chove torrencialmente no Alentejo e neva em Vila Moura, alguém é chamado à razão.
    Discordo em absoluto que se trate de uma questão formal, trata-se sim de uma questão de consentimento popular, onde tudo tem os seus limites.

    Um abraço

     

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