489. A táctica do terrorismo
Salvador Dali - Visage of War
Hoje tive a certeza que o terrorismo não vai destruir os fundamentos da Democracia e do Estado de Direito. Quando vi que os londrinos retomaram a sua vida normal e mantiveram aparentemente a calma, apesar da escala da tragédia, percebi que não vamos capitular à maior arma da táctica de guerra que é o terrorismo: a difusão do medo! E não posso deixar de sublinhar a reacção adulta das autoridades inglesas ao não cometerem o mesmo erro dos congéneres espanholas de especularem sobre a fonte do terror. Adicionalmente a não interrupção da cimeira dos G8 é mais uma vitória do mundo civilizado perante a barbárie do terror. Por cá o exemplo também foi dado ao não suspender o normal funcionamento da nossa sociedade.
Quem lê regularmente este blogue sabe que sou muito céptico em relação ao modelo actual de combate ao terrorismo. Em vez de introduzir novas reflexões vou simplesmente colocar as ligações às discussões de sempre:
Maio 16, 2004 (50) O Verdadeiro Perigo
Maio 28, 2004 (63) A Zona Cinzenta
Setembro 11, 2004 (162) 3 anos
Setembro 30, 2004 (180) Porque a Memória é Curta
Estou disposto a apoiar qualquer Governo no combate ao terrorismo mesmo que seja necessário recorrer a intervenções militares. Não vou é apoiar um combate que se auto intitula de guerra ao terrorismo baseada em critérios que desconheço e que só dispersam as energias do verdadeiro combate. A segurança da Europa e a do mundo passa pelo combate à pobreza, pela cooperação dos serviços de inteligência, pela captura e julgamento dos que planeiam e/ou executam tácticas de terror, por um respeito pela diferença étnica e religiosa e pela intervenção diplomática (e se esta falhar pela militar) nos países que incentivam ou protegem o fomento do terrorismo. No Afeganistão travou-se uma guerra necessária que devia ter precedido uma intervenção diplomática na Arábia Saudita e em alguns países africanos que albergam ou fomentam o aparecimento de tácticas terroristas. Mas ao invés disso optou-se por uma guerra (no Iraque) que não trouxe nada de positivo ao combate ao terror. Perdeu-se um consenso único e deu-se a oportunidade da Al Qaeda instalar o caos numa região que até nem tinha acesso anteriormente. Ainda por cima desgastou ainda mais a imagem do Ocidente na região, agravado pelo desrespeito constante à lei internacional e aos direitos humanos. Basta ler os relatórios dos serviços secretos americanos para se perceber que nem haviam armas de destruição em massa nem ligações à Al Qaeda no Iraque.
A melhor forma de lutar contra o terrorismo é não ceder nas conquistas individuais e colectivas que a Democracia e o Estado de Direito nos deram! Vamos lutar por um mundo melhor e não vamos claudicar perante o medo!
14 Comments:
At 1:10 da manhã, Anónimo said…
Desta vez, não posso deixar de concordar. Se bem que, se não fosse a minha falta de tempo, até poderia discordar aqui e ali para animar. Mas venho pedir a imagem da guerra emprestada para pôr no cabeçalho do meu blog.
Abraços
At 1:22 da manhã, Ricardo said…
TNT,
Não digas a ninguém mas eu não pedi emprestado a ninguém esta imagem. Raptei-a do Google. Por isso...
Se estamos de acordo no essencial é óptimo! Adoro o confronto de ideias mas não faz mal de vez em quando estarmos de acordo, mesmo que seja de forma condicional (aqui e ali)!
Abraço,
At 2:13 da manhã, Anónimo said…
Ricardo,
Muito bem: Vamos lutar por um mundo melhor e não vamos claudicar perante o medo!
Um beijo,
At 11:20 da manhã, armando s. sousa said…
A única maneira de mostrar a esta escumalha que estamos aqui para lutar pelos nossos valores, é mostra-lhes que não temos medo, apesar das tácticas cobardes desenvolvidas por eles.
Um abraço.
At 1:01 da tarde, Unknown said…
Ricardo,,
Até posso concordar com grandes partes do teu texto, principalmente com o ataque ao Iraque que não passou de dar vantagem à Al-Qaeda permitindo-lhes continuar a matar americanos, agora em território que em grande parte controlam.
Mas a minha visão do terrorismo é diferente da tua. O terrorismo é a forma do inimigo fazer a guerra.
Ficamos chocados com os ataques a Nova Iorque, Madrid ou Londres (mas curiosamente já não nos chocamos tanto com o de Istambul), estes ataques mataram muitos inocentes, pessoas como tu e eu.
Mas já não nos chocamos com os bombardeamentos do Iraque ou da ex-Juguslávia que também mataram muitos inocentes como tu e eu...
De um ponto de vista puramente estratégico a operação militar mais bem idealizada da História deve ter sido o ataque às Twin Towers. Nunca uma operação militar com tão poucas baixas (de ambos os lados) teve efeitos tão espectaculares no inimigo.
E é assim que temos de ver o chamado terrorismo.
Estamos em guerra e o IN (inimigo) é forte e capaz.
Ainda por cima não conhecemos com exactidão onde é que está, onde é que estão os seus HQ. Não sabemos exactamente onde atacar pois o inimigo está extremamente descentralizado. Tem demasiadas cabeças.
A estratégia correcta é a de tentar evitar, na medida do possível, os ataques inimigos, ser duro para com os inimigos capturados e, principalmente fazer Psico, guerra psicológica que mine as fontes de recrutamento do inimigo.
Actualmente os principais motores de recrutamento são a situação em Israel e no Iraque (o efeito Afeganistão parece ser menor).
Sem se resolverem estes problemas não será possível lutar contra o terrorismo.
É por aqui que temos de começar
Um abraço
At 1:35 da tarde, Ricardo said…
Raio,
A nossa visão não é assim tão diferente. Eu referi que o terrorismo é uma "táctica de guerra"!
"Actualmente os principais motores de recrutamento são a situação em Israel e no Iraque (o efeito Afeganistão parece ser menor)."
Concordo desde que salvaguardemos que há intervenções que devem ser feitas e outras que devíamos evitar. É útil destruir os campos de treino no afeganistão mas considero que ter iniciado uma guerra no Iraque só teve efeitos perversos porque não combateu os terroristas e criou um maior sentimento de injustiça na população da região.
Abraço,
At 5:47 da tarde, Unknown said…
Ricardo,
Concordo.
Estás a ver, neste tema concordamos...
Não duvído de que no tema União Europeia quando te compenetrares do imenso buraco em que estamos (nós portugueses e outros cidadãos das Nações da Europa), também concordarás comigo.
Um abraço,
At 5:51 da tarde, Ricardo said…
Raio,
Parece-me mais um desejo do que uma crença!
Abraço,
At 11:46 da tarde, Unknown said…
Ricardo,
Acho que não é uma coisa nem outra.
Os malefícios do buraco em que Portugal se meteu parecem-me tão evidentes que não duvido que cedo ou tarde chegarás a posições semelhantes às minhas.
Um abraço,
At 4:46 da tarde, Anónimo said…
Raio, para já espanta-me que uma pessoa como tu tb tenha ido na tanga, de jornalistas ignorantes, das "Twin Towers".Estas são em Singura, aquelas são W.T.C.(worl trade center).
Segundo:"mais bem idealizado da história".Ó Raio, por favor! Se eu ,Bin Indico,dispuse-se de recrutas académicamente capazes de aprender a pilotar aqueles aviões e ao mesmo tempo serem suicidas.....já percebestes -serem suicidas -?, ....operação militar ainda por cima!
At 6:36 da tarde, Anónimo said…
Desculpa lá Ricardo, mas sentia que o meu comentário anterior ao Raio lhe faltava algo.Agora lembrei-me:
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Ontem á noite , na SIC 5, em directo foi entrevistado o porta-voz da maior associação muçulmana do R.U.Nasceu no Bangladesh, é membro do Partido Liberal-Democrata e repetia-se : Nós os Europeus, A Europa Unida, só a Europa.....Este homem, neste momento de angustia, estava a pensar exactamente como eu.Só juntos.Separados não somos nada.
At 1:39 da manhã, Unknown said…
Caro C. Indico,
Eu acredito que houve um ataque de extremistas muçulmanos aos Estados Unidos a 11 de Setembro.
Acredito também que só sabemos metade da história.
Mas que houve um ataque não duvido e, o que se conhece deste ataque foi espectacular. Abanou o sentido da História. O Mundo é um antes de 11/Set e outro depois.
Vi as declarações do porta-voz da tal associação.
É membro do Partido Leberal-Democrata, um partido altamente pró-europeu. E foi candidato a deputado (não sei se foi eleito). As declarações dele estão totalmente inseridas na lógica do partido de que faz parte.
Quanto a "separados não somos nada" é um conjunto de palavras sem sentido.
Tu estás "separado"? Separado de quê? Olha, eu não, faço parte da espécie humana. Nunca me senti separado ou isolado. Nem mesmo quando nos tentaram marginalizar metendo-nos na União Europeia...
O Mundo é grande e eu sou um cidadão do Mundo...
Um abraço,
At 6:16 da tarde, Anónimo said…
Interessante, Raio.
Quando após a Independência os Estados americanos começaram a realmente a Federar-se, p.ex.:comércio livre entre estados !,escolha do idioma franco (imagina, esteve para ser Sueco ou Alemão),jurisdição central, forças armadas nacionais, haviam milhres de Raios. Ainda há, mas poucos.
Felizmente os Raios perderam, para bem dos Americanos.E um texano, continua a ser um texano!
At 4:52 da tarde, Unknown said…
c. indico,
Os Estados Unidos formaram-se com uma certa lentidão. E ainda agora a autonomia dos Estados Americanos é maior, em muitos sentidos, do que a de países da União Europeia.
Depois entre Portugal ser um país periférico da União Europeia ou um Estado Americano eu preferia que fosse um Estado Americano.
Tinha maior autonomia e liberdade. Tinha também muito mais influência no poder central.
Sabes, por acaso, que cada estado, seja o Delaware com trezentos e tal mil habitantes ou a Califórnia com 30 milhões tem dois senadores no Senado?
Eu não sou, em princípio, contra a unificação da Europa. Sou é contra a União Europeia que é uma estrutura absurda que tem por única função assegurar o domínio de alguns países (os maiores) sobre os outros.
Quanto ao idioma oficial dos Estados Unidos é falso que tenha estado para ser sueco ou alemão.
Os Estados unidos não têm língua oficial, naturalmente tudo foi escrito em inglês, a começar pela Constituição.
Actualmente só alguns Estados (como a Califórnia) é que têm idioma oficial. E para um estado definir o idioma oficial é feito um referendo. O da Califórnia foi há poucos anos e ganhou o inglês à tangente.
Quanto aos Estados há pelo menos dois estados com movimentos autonomistas, o Texas e o Hawaii.
Mas o que eu acho piada é ver-te a ti e a muito euro-integracionista a criticar os Estados Unidos por um lado e por outro a dar os Estados Unidos como exemplo.
Definam-se porra!
Um abraço
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