Filho do 25 de Abril

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quinta-feira, julho 21, 2005

506. Energia do vento




A aposta do Governo em diminuir a dependência energética em relação ao exterior parcialmente através da energia eólica parece-me bastante acertada. Eu não sou técnico e não sei se é a melhor solução custo/benefício mas não vejo desvantagens aparentes nesta solução.

Mesmo assim leio e ouço muitas críticas à solução. A primeira crítica é o licenciamento ser lento e a tecnologia mais cara em comparação com outras soluções. Concordo que o licenciamento parece-me excessivamente burocrático mas a situação é herdada e confio que o Governo vá ser capaz de acelerar o processo. Quanto a ser relativamente cara isso já não posso discutir mas aparentemente não tem havido dificuldades em atrair os investidores privados. Desconheço se é subsidiada mas se for não vejo problema de maior uma vez que o retorno pela melhoria da Balança Comercial é óbvio.

Outra crítica tem a ver com o fluxo de electricidade não ser constante. Parece-me uma falsa questão uma vez que não vamos deixar de ter formas alternativas de energia. Aliás julgo saber que esse é um dos critérios do concurso. Outro critério é o privado que assegurar os preços mais baixos tem vantagem no licenciamento o que me parece aceitável uma vez que a energia é um dos motores da economia. Finalmente queixam-se do impacto visual. Neste ponto deixo o TNT responder por mim:

Por acaso saberão os que falam contra os moínhos de vento que estes, quando estiverem obsoletos, podem ser desmontados sem deixar quaisquer vestígios? Prefeririam uma central a petróleo ou nuclear? Força!

9 Comments:

  • At 9:28 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Parabéns pelo tema. Estou de saída mas volto logo à noite para comentar e, possivelmente, colocar um artigo sobre o assunto. É incrível como se pode ainda tentar defender o indefensável. Temos, neste domínio, um atraso de mais de 20 anos em relação à Espanha e Europa. A percentagem de renováveis tem diminuído e a factura do petróleo tem aumentado. É certo que temos um enorme potencial na poupança (transportes principalmente), mas deixar de implantar aerogeradores por causa a paisagem ou do ambiente? Parece anedótico.

     
  • At 12:42 da tarde, Blogger Ricardo said…

    TNT,

    Aguardo então o teu comentário definitivo ou o teu artigo. Até porque podes acrescentar alguns dados sobre uma tecnologia que, à primeira vista, parece o caminho correcto para um país como o nosso mas que me faltam conhecimentos do sector para compreender tantas críticas.

    Abraço,

     
  • At 5:14 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Meu caro, corrija, por favor, o meu português. Os moínhos não se desmontam a si próprios como escrevi, à pressa. "Desmonta-se" de "a gente desmonta". Ou, como já corrigi no meu blog, "podem ser desmontados".
    Referia-me, no meu post, ao Abrupto, mas este apenas publicou um mail do autor de outro blog, tecnicamente bem informado, mas sem visão futurista.
    Regressei agora mas tenho que sair em breve. Volto logo à noite, como prometido.

     
  • At 11:18 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Obrigado, pela correcção, caríssimo.
    De facto, em relação à energia eólica, passou-se o seguinte em Portugal:
    Após a crise petrolífera de 1973 (já sou velhote), tomei consciência que o nosso problema principal, de Portugal e do Ocidente, era o problema energético. Felizmente, enredado nas "malhas que o império tece", fui parar à Madeira como professor do Ensino Secundário (Esc. Sec. Francisco Franco). Aqui, desenvolvi uma campanha pró-energias renováveis que fez com que fosse requisitado para o Governo Regional para liderar a Divisão de Energias Renováveis dos Serviços de Hidráulica da Secretaria Regional do Equipamento Social. Entre variadíssimas acções empreendidas, conta-se o projecto de energia eólica para o Porto Santo, mais tarde para a Madeira também.
    Sem quaisquer recursos económicos especiais constantes do Orçamento Regional, consegui implementar o primeiro parque eólico português. A única verba que o Governo Regional dispendeu foi um estudo de viabiidade encomendado à empresa ERA (Electrical Research Association, UK) que desfez todas as dúvidas negras" em relação à energia eólica e permitiu que o Governo Regional "impusesse" à EEM (Empresa de Electricidade da Madeira) a aceitação da oferta de 8 (oito) aerogeradores da firma MAN (alemã) para o Porto Santo, no local escolhido pelo estudo anemométrico, por mim elaborado em colaboração com o INMG (Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica). (cont.)

     
  • At 11:30 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Leia-se despendeu, em vez de "dispendeu".

     
  • At 12:36 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Assim nasceu o primeiro parque eólico de Portugal. O povo do Porto Santo, admirado com a quantidade de gasóleo (o combustível usado na pequena central da ilha) que se economizava com aqueles moínhos, perguntou-me: E então? Porque não se puseram mais? Tive enorme dificuldade em responder, não se compreendia que as "forças vivas" não acreditavam na energia eólica e inventei desculpas tais como as perturbações de tensão e frequência na rede. As mesmas desculpas foram, durante muitos anos, dadas no continente mas em legislação oficial que impunha valores de "factor de potência" e de perturbações de tensão e frequência impossíveis de provar ou de garantir. Assim, durante décadas a energia eólica não conseguiu penetrar na rede eléctrica nacional.

     
  • At 11:24 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    A vantagem económica dos aerogeradores (a ecológica é óbvia) é tanto maior quanto maior for a velocidade média anual do vento no local da instalação. A mentalidade economicista, mas sem visão futurista, impediu (e continua a impedir) o avanço da energia eólica em Portugal. Ela vem já tarde, mas ainda a tempo de ajudar a resolver o problema energético que, quanto a mim é o nosso principal problema, e de todo o mundo "civilizado". Este deixará de ser "civilizado" no próprio dia em que lhe cortarem o petróleo. Aliás, quanto a mim, a guerra pelo petróleo em que estamos envolvidos é já um sinal de falta de civilização.

     
  • At 6:58 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    O impacto, ou como está em voga, impacte, visual desagradável que se atribui aos aerogeradores é uma burla. Se pensarmos que é uma coisa boa, o impacto será agradável. A mim, por exemplo, os estádios de futebol, o TGV e a OTA, os incêndios, centrais térmicas, carros nas cidades, causam um impacto muito desagradável.

     
  • At 5:21 da manhã, Blogger Ricardo said…

    TNT,

    O teu esclarecimento, não só aqui como no teu blogue, sobre as vantagens da energia eólica deixaram-me convencido. Já estava consciente que era o melhor rumo mas agora tenho a certeza.

    Adicionalmente prezo saber que já viveste na minha terra não de origem mas de coração, a Madeira.

    Obrigado pelo contributo à clarificação do assunto.

    Abraço,

     

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