Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

terça-feira, abril 25, 2006

835. Os temas esquecidos no contexto do 25 de Abril

Lanço três temas que deviam ter sido alvo de reflexão por parte dos políticos numa data em que se comemora um passo de gigante na conquista das liberdades individuais e colectivas:

1. Até que ponto devemos abdicar das nossas liberdades individuais e colectivas em nome do combate a uma táctica de guerra (o terrorismo)?

2. Até que ponto é válido o uso das novas tecnologias para classificar os nossos comportamentos de consumo, de leitura ou até as nossas convicções ideológicas?

3. Já que usufruímos de liberdade de expressão, de associação e de imprensa quais são as nossas responsabilidades cívicas neste contexto? Com a liberdade temos responsabilidade acrescida na intervenção cívica e na manutenção do que foi conquistado ao nível das liberdades individuais e colectivas e a questão é saber como devemos exteriorizar esse dever cívico.

5 Comments:

  • At 5:11 da tarde, Blogger Alien David Sousa said…

    Sim e não. Ricardo, desafio-te a ires ler o meu texto e estás á vontade para comentar.
    Fica bem

     
  • At 1:13 da manhã, Blogger FMP said…

    1 - Não me parece que o terrorismo deva ser tratado como uma táctica de guerra mas sim como um crime. Todos os atentados foram perpetrados por uma maioria de residentes nos países em questão, pelo que se é guerra, será quanto muito guerra civil. A tua questão é na minha opinião brilhantemente respondida por Benjamin Franklin:
    "Those who are willing to trade a little liberty for a little security will deserve neither and loose both"

    2 - Parece-me inevitável que algumas empresas que forneçam esses serviços obtenham esses dados. Também me parece irrazoável que mais alguém se tente apropriar deles. Tudo o que seja sem consentimento não deve ser permitido.

    3 - As liberdades que referes não obedecem a deveres cívicos mas sim a leis claras e objectivas. É por isso que são liberdades.

    Deixo só uma pergunta: se todos nós temos as mesmas liberdades o que é queres dizer com liberdades colectivas e individuais ? Não serão todas as liberdades colectivas individuais e vice-versa ?

     
  • At 1:27 da manhã, Blogger bravo said…

    1. Abdicar dessas liberdades, para mim, seria permitir uma pequena vitória do terrorismo.

    3. Em Portugal não há grande noção de dever cívico. Nem, muito menos, tradição de iniciativa cívica. Fica-se à espera do Estado ou de um qualquer e genérico "eles". "Eles têm de resolver isto", "Não se admite que eles permitam isto", etc.

    Mas isto dava discussões infindáveis...

    Abraço!

     
  • At 5:48 da manhã, Blogger Unknown said…

    Caro Ricardo,

    A experiência ensina-me que o teu terceiro ponto é uma das formas de argumentar a favor da restrição das liberdades.
    Depois discordo totalmente que disfrutemos de liberdade de expressão e de imprensa.
    O exemplo do black-out de certo tipo de notícias sobre a União Europeia mostra-o claramente.
    Por fim saltas por cima do mais importante dos pontos, o programa do MFA eram os três D's, D de democracia, D de descolonização e D de desenvolvimento.
    Trinta e dois anos depois chegamos a uma triste equação, D+D=E, isto é, substitui-se dois dos D's, democracia e desenvolvimento por um E, um E baste nego, pelo E de Europa...

    Um abraço

     
  • At 7:41 da manhã, Blogger Ricardo said…

    Francisco,

    1. O terrorismo é, por definição, uma táctica de guerra e acho razoável tratá-lo desta forma até porque as liberdades que vamos perdendo são em nome duma guerra que se instalou em territórios ocidentais. Não a classificava de guerra civil independentemente da nacionalidade de quem pratica estes actos até porque não há reinvindicações puramente nacionais associadas a estes actos. A frase que transcreves vai de encontro ao que penso;

    2. A questão é complexa e coloco em causa até a legitimidade de obter estes dados. O problema é que ninguém está a perguntar pelo nosso consentimento em muitos casos já actuais;

    3. Eu referia-me ao nosso papel como cidadãos, ou seja, não me parece razoável criticar que a classe política não nos represente e que, mesmo assim, calemos a nossa voz quando devíamos ter mais intervenção cívica. O nosso papel como cidadãos, se queremos ter uma democracia representativa, não pode começar e acabar no acto eleitoral.

    Quanto à pergunta: Sim, os dois tipos de liberdade confundem-se e são essência um do outro. Há liberdades individuais que só podem ser manifestadas se houverem liberdades colectivas e vice versa.

    Abraço,

     

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