947. País de Remediados
Os dados económicos mais recentes do Eurostat sobre Portugal são, no mínimo, alarmantes. Continuamos numa espiral de divergência em relação à Europa e ao Mundo e, pior, a tendência é de estarmos cada vez mais próximos da cauda da tabela dos países da União Europeia.
A Eurostat mostra, em primeiro lugar, que a União Europeia está a divergir - no Produto Interno Bruto (PIB) à Paridade do Poder de Compra (PPC) - dos Estados Unidos da América e do Japão. Se a União Europeia já está a divergir que dizer de Portugal que diverge da União Europeia?
Estes números deviam mexer, no mínimo, com a nossa auto-estima. Será que não somos capazes de fazer melhor? Este devia ser o primeiro sentimento perante uma tendência descendente que se revela crónica, em termos comparativos. Não quero minimizar os sinais recentes de retoma da nossa economia mas devemos ficar satisfeitos? Não contínuamos a divergir? Ou queremos ser um país de remediados?
O rol de culpados desta situação vai ser, aposto, em todos os portugueses, eu incluído, o cidadão do lado. Ninguém vai sentir que está aquém do seu potencial. A culpa vai ser do Euro, do Governo, dos políticos, dos empresários, dos gestores, dos trabalhadores, dos sindicatos, dos vizinhos. Concordo que tem lógica apontar o dedo a muitas situações mas não nos podemos esquecer que, como povo, estamos muito aquém do nosso potencial. Ser português tem que ser sinónimo de inconformismo e não posso aceitar que se olhe, ano após ano, para estes números com naturalidade. (Continua)
4 Comments:
At 9:02 da tarde, Rui Pedro said…
Para utilizar o jargão dos economistas estamos a sofrer dois choques fortíssimos: a globalização que nos abre as fronteiras às importações e a prisão de uma divisa que não controlamos (enfim talvez controlemos um milionésimo dela). Mas concordo consigo: a resignação é proíbida - aliás foi o que dizia o Presidente da República durante a campanha eleitoral.
At 9:52 da tarde, Ricardo said…
Rui,
O Euro não pode ser o bode expiatório dos nossos males. Quanto muito colocou a nú as nossas fragilidades. O problema é que os nossos produtos, expostos a um mercado mais aberto e mais global, revelaram-se pouco competitivos.
Quanto ao nosso PR é só pena que não tenha tido, enquanto PM, a visão e o rigor que o país necessitava nessa fase.
Abraço,
At 1:03 da tarde, Anónimo said…
UM SANTO NATAL E QUE 2007 SEJA DE FACTO UM "ANO ÍMPAR"... :-)
São so votos do
o-microbioii.blogspot.com
At 7:54 da tarde, Anónimo said…
Ricardo,
os "produtos" Portugueses podiam ser muitissimo competitivos no mercado alemão - por exemplo em lojas próprias.
Mas tambem nas cadeias de lojas, supermercados, centrais etc.
Simplesmente não há "produtos" Portugueses.
"Aluga-se Trabalhadores" é a unica oferta Portuguesa -é claro em concorrencia com China.
Os alemães -os compradores centrais- nunca receberam uma oferta de um produto oriunda de Portugal.
Um "produto" é como na matematica o resultado de varios "factores".
Embalagens, Display, Certificações, regras logisticas, support de publicidade, ideias-novas-proprias, sistema (e contratos) de ser fornecedor contratual e mais....nada disso interessa um "industrial".
Não acredita ?
Peço o favor perguntar aos transitarios: "quem paga o transport"
O Ricardo vai ver, que a mercadoria chega a propriedade do comprador (middleman)ainda em solo portugues.
Afinal quem manda/controla/paga/faz a "exportação" ?
liga pelo telefone para: http://www.katag.de fala com o comprador se ele/ela jamais comprou directamente (!) de uma empresa portuguesa ou pelo menos conheçe só uma !
Ricardo, posso provar, que produtos portugueses são muitissimo competitivos por varias razões !
Mas ninguem quer saber.....
Abraço, bom natal
Konrad
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