1104. Eleições Regionais Madeira 2007 (8): O "castigo divino"
Alberto João Jardim, no arranque da campanha eleitoral, disse que José Sócrates recebeu “um castigo divino pelo mal que está a fazer à Madeira”. Eu continuo a achar que o "castigo" foi bem terreno mas fico feliz porque assim sei que Deus está atento às injustiças que acontecem aos madeirenses e que os "patifes" que nos prejudicam estão a ser castigados, em vida, pelas entidades divinas.
Cada vez mais compreendo a necessidade de votar em Alberto João Jardim já que este goza de protecção divina e, afinal, não é por acaso que padres na região apelam ao voto no partido cuja seta aponta para o céu. Sinto-me, confesso, mais protegido contra as injustiças da vida terrena. E, se até agora, as recompensas das nossas acções virtuosas eram recompensadas no céu, a partir de hoje, sei que também há recompensas na vida terrena.
O cabeça de lista do PSD-Madeira acrescenta que "Nosso Senhor não castiga nem com paus nem com pedras. Ele [José Sócrates] quis fazer mal a tanta gente que agora está a ser castigado”. Este homem, coberto por uma aura divina que lhe é um direito pelo sua capacidade de interpretação do que Deus pretende, alerta a população de que lado estão as forças divinas. A injustiça é tal que os que não votam nele não são apenas "traidores" mas, a partir de hoje, podem também ser considerados como hereges. E é assim que se discutem as opções políticas na Madeira, ou seja, em vez de explicar porque é que a lei que o herege Sócrates aprovou é uma gota de água nos problemas financeiros que o próprio criou na região, o nosso "líder" prefere difundir a opinião de Deus, e Este, claro, também acha que os madeirenses estão a ser vítimas de uma injustiça atroz, tão atroz que, ao contrário do que acontece com tantas outras injustiças no mundo, nesta não Pôde deixar de actuar.
Cada vez mais compreendo a necessidade de votar em Alberto João Jardim já que este goza de protecção divina e, afinal, não é por acaso que padres na região apelam ao voto no partido cuja seta aponta para o céu. Sinto-me, confesso, mais protegido contra as injustiças da vida terrena. E, se até agora, as recompensas das nossas acções virtuosas eram recompensadas no céu, a partir de hoje, sei que também há recompensas na vida terrena.
O cabeça de lista do PSD-Madeira acrescenta que "Nosso Senhor não castiga nem com paus nem com pedras. Ele [José Sócrates] quis fazer mal a tanta gente que agora está a ser castigado”. Este homem, coberto por uma aura divina que lhe é um direito pelo sua capacidade de interpretação do que Deus pretende, alerta a população de que lado estão as forças divinas. A injustiça é tal que os que não votam nele não são apenas "traidores" mas, a partir de hoje, podem também ser considerados como hereges. E é assim que se discutem as opções políticas na Madeira, ou seja, em vez de explicar porque é que a lei que o herege Sócrates aprovou é uma gota de água nos problemas financeiros que o próprio criou na região, o nosso "líder" prefere difundir a opinião de Deus, e Este, claro, também acha que os madeirenses estão a ser vítimas de uma injustiça atroz, tão atroz que, ao contrário do que acontece com tantas outras injustiças no mundo, nesta não Pôde deixar de actuar.
Etiquetas: Madeira, Política Local/ Regional
12 Comments:
At 6:38 da tarde, Bruno Gouveia Gonçalves said…
Bem, que cinzentismo... AJJ faz uma piada muito bem conseguida, e temos isto...
Ricardo, era escusado este post, sinceramente...
At 7:04 da tarde, Ricardo said…
Bruno,
Não te sabia apreciador de "stand up comedy". É que pensei que estávamos em campanha eleitoral e já que o tom destas declarações foi o mesmo das restantes temos que decidir se tudo se resume a um longo monólogo de humor ou se estamos perante um homem que se lava demasiado a sério.
Bruno, era escusado este comentário, sinceramente...
At 7:17 da tarde, Anónimo said…
Falar mal do Alberto se bem que apetecível e apropriado é dar um tiro no pé: As eleições na Madeira são livres e de acordo com todas as regras da democracia.
Quando se insulta Alberto não se insulta Alberto mas sim o povo da Madeira.
Afinal o povo é ou não sempre profundamento sábio? (Mário Soares ensina que sim)
GPC
At 7:19 da tarde, Watchdog said…
Este homem demitiu-se porque a lei das finanças locais mudou, estava habituado á mama do "contenente"! Chantagem... de qualquer forma as eleições são em Maio, pode ser que desista! Sinceramente, o povo da Madeira parece que não vê para além disto!
At 7:29 da tarde, Ricardo said…
GPC,
Eu não disse que as eleições não são livres e muito menos insultei Alberto João Jardim. Não é o meu estilo. Tenho profundas e fundamentadas divergências com o conteúdo das suas políticas e com o seu estilo, nada mais.
"Quando se insulta Alberto não se insulta Alberto mas sim o povo da Madeira."
Esta frase, confesso, é que não compreendo e, curiosamente, é tantas vezes promovido este raciocínio oficiosamente e até oficialmente na região. E pensar assim é que não é lá muito democrático, pois não?
Abraço,
At 7:40 da tarde, Ricardo said…
Blogtrotter,
Uma pequena correcção que advém certamente duma distracção, a demissão foi resultado da reacção de Alberto João Jardim à Lei das Finanças Regionais, e não Locais, que também foi modificada uns meses antes.
A relação Madeira/ Lisboa tem obviamente que mudar. Nem o discurso separatista tem qualquer utilidade nem a falta de cooperação é possível num país que se quer desenvolvido. A realidade é que a relação não é saudável mas não se pode culpar a lei pela génese desta situação. A Região nunca foi solidária com os problemas orçamentais do país e de outras regiões e, apesar de vários perdões da dívida, nunca inverteu as suas políticas. Chegou a hora da responsabilização. O problema é grave porque o endividamento da região é muito preocupante numa economia que depende quase exclusivamente do Estado. Mas a LFR é uma gota de água nas dívidas globais da região.
At 7:49 da tarde, Bruno Gouveia Gonçalves said…
É verdade, sou apreciador de "stand up comedy". Mas sou ainda muito apreciador de breaks políticos.
Efectivamente estamos em plena campanha eleitoral, facto que só reforça a necessidade de haver um break de vez em quando. Ninguém aguenta semanas consecutivas de discursos sérios.
Ricardo, um conselho. Relaxa e aproveita a piada de um político, mesmo que não simpatizes politicamente com ele. Sim, é possível. Repara na química humorística entre mim e a Royal! ;)
E by the way, era escusado esse comentário ao meu comentário... ;)
At 7:49 da tarde, Nuno Raimundo said…
É caso para ficarmos a pensar, pertencerá Alberto João ao Opus Dei? Ou teve algum encontro espiritual com o divino?! :)
Abraços Profanos
At 8:01 da tarde, Ricardo said…
Ora Bruno,
Nunca ouviste dizer que a ironia é uma forma de humor? Posso não ter muito jeito mas, acredita, encaro a vida com muito bom humor... mesmo quando me apetece chorar!
É impressionante como achas tudo normal na Madeira, mesmo tudo o que criticas tão assertivamente nas linhas do teu blogue (que é um dos meus favoritos). Peço "ajuda divina" para perceber isso ;)
E já não acho nada escusado, porque senão, daqui a pouco, parecemos a Maria José Nogueira Pinto num famoso congresso do CDS/ PP
At 8:04 da tarde, Ricardo said…
Profano,
Não sei! Foi uma aparição que merece a construção dum santuário e que vem revolucionar os dogmas da fé ;)
Abraço,
At 12:30 da manhã, Anónimo said…
Não compreende o quê? Se o povo elege consecutivamente Alberto João e se se pensa que Alberto João não presta e é isto e aquilo, não há volta a dar-lhe: pensa-se que os madeirenses são estúpidos. À primeira quem quer cai, à segunda cai quem quer.
Criticar a obra não é criticar o autor? Pois Alberto João é obra da autoria do povo da madeira.
Sendo Alberto João a besta que se diz para aí, o povo da madeira não deve ser estúpido, deve ser muito estúpido.
Há outra explicação? Como é possível criticar Alberto João ao fim destas reeleições todas com a última a subir fartamente nos votos, sem sobrarem críticas a quem o elege? Pergunto.
GPC
At 12:40 da manhã, Anónimo said…
E acrescento: quanto mais defeitos se apontam à personagem mais elogios lhe estamos a dar, bem vistas as coisas porque é estar a dar-lhe azo a poder dizer "os meus defeitos valem mais que as vossas virtudes".
(A menos que não o considere um "homem de sucesso")
GPC
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