Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

sexta-feira, junho 01, 2007

1175. Interregno

Há alturas em que o cansaço aparece e o prazer torna-se num dever. Sinto-me assim em relação ao blogue. É doloroso colocar um ponto final e, por isso, não o faço, vou só ali descansar, o justo sono de quem sempre tentou dizer o que pensa com frontalidade. Mesmo com três pontos que antecipam o regresso, num dia solarengo porque no meio das brumas já muitos esperam por alguém, o interregno será longo, talvez para reinventar tudo, talvez para deixar tudo na mesma, talvez para decidir que este projecto passou de vez. Aprendi muito a escrever sobre o que penso e com todos os que li, e vou continuar a ler a espaços, e interagi. A muitos o meu obrigado mas em especial aos autores dos blogues que me fizeram crescer, são muitos e julgo que os destinatários deste elogio sabem que me estou a referir a eles, mesmo que, por vezes, o calor da discussão tenha causado atritos. Quem quiser acompanhar outro projecto, sobre cinema, que não vou abandonar, pode sempre, de tempos a tempos, já que esse vai ser o ritmo da minha escrita lá, visitar-me aqui.

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1174. Falas de civilização...

Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as coisas humanas postas desta maneira,
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seriam melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!

Alberto Caeiro