770. Guantanamo
Neste blogue tenho feito questão em aumentar o eco da voz da Amnistia Internacional sempre que esta volta a falar da questão - que muitos julgam não ser essencial mas que é - da prisão de Guantanamo. Recordo algumas - não todas - das ligações a textos sobre este tema: A Zona Cinzenta, Assino por baixo!, “Abu Ghraib Tactics Were First Used at Guantanamo”. Passado todo este tempo continuam detidas 500 pessoas sem julgamento e, pior, algumas já foram transferidas para outras prisões que não se sabe a localização e, ainda pior, os indícios de maus tratos e tortura são cada vez mais claros. Se é esta a forma que nós, como cidadãos do mundo livre, achamos aceitável para garantir a nossa segurança então já nada separa-nos daqueles que combatemos.
Sejamos humanos! Basta pensar que se fosse um de nós ou um dos nossos familiares que estivesse preso num país estrangeiro sem direito a julgamento - mesmo que tivéssemos cometido actos inqualificáveis - para começarmos a perceber a gravidade deste caso. Mas o mais cruel de tudo isto é que ainda recentemente foram libertados vários prisioneiros, após anos de encarceramento, que nem eram culpados de nenhum desses actos considerados inqualificáveis. Afinal foi um erro! Muito bem, é caso para perguntar quem controla o grau e a veracidade dos crimes cometidos. Todos nós sabemos que é o poder executivo ou militar de um país que actualmente controla a veracidade e o grau dos crimes de que são acusados os prisioneiros e não o judicial e isso, em qualquer Estado de Direito, é uma completa subversão dos valores que todos nós defendemos.
O que a Amnistia Internacional (AI) defende é, e reproduzo, "levar a julgamento todos os detidos de Guantanamo ou libertá-los, porque cremos que há muitos casos em que não há matéria sequer para um julgamento"! Será esta uma posição radical? Claro que não! Será que há, neste mundo, cidadãos de primeira como um múltiplo assassino nos EUA que tem direito a advogados e que obriga as autoridades a respeitarem todos os seus direitos inclusive os de integridade física e depois há os outros, nascidos noutros países, que devem ser tratados como animais e esquecidos pelo mundo que existem?
O que resta a estes prisioneiros? Talvez o protesto através da greve de fome! Não! Segundo a AI sempre que um dos prisioneiros tenta protestar utilizando a greve de fome, é-lhes introduzida uma sonda nasal, sem qualquer anestesia. Alguns sairam de Guantanamo apenas para uma "mudança de um local de detenção ilimitada e ilegal para um outro local de detenção ilimitada e ilegal", sem que ninguém saiba do seu paradeiro. Aliás "algumas famílias que sabem que os seus parentes estão ou foram feitos prisioneiros pelos EUA continuam sem saber onde eles se encontram ou mesmo se continuam vivos"!
Será que não nos devemos preocupar com o que está a acontecer? Veja-se o caso do cidadão alemão de origem libanesa Khaled El-Masri (escrevi um texto sobre isso aqui)! Até que ponto não estamos a perder direitos que inúmeras gerações antes da nossa conquistaram com sangue? Até que ponto não estamos a radicalizar ainda mais o mundo? Até que ponto não estamos a perder a "moral" quando exigimos, chocados, que libertem os nossos cidadãos ou jornalistas ou militares? Até que ponto não estamos a perder o nosso mais básico sentido de humanidade? Sejamos humanos, porra!
Adenda: Ver aqui mais uma novidade, não confirmada, sobre este tema!
Adenda 2: A quarta fotografia é duma peça inglesa de nome 'Honor Bound to Defend Freedom'. Não é, por isso, uma imagem "real". O actor é Nafees Hamid e interpreta Rhuhel Ahmed, detido em Guantanamo.
Technorati Tags: Guantanamo, Amnistia Internacional, EUA
2 Comments:
At 11:16 da manhã, Unknown said…
Ricardo,
Só para ver se funciona.
Um abraço
At 8:03 da tarde, Biranta said…
"Questão que muitos julgam não ser essencial"? Porquê? Porque os OCS, quais rafeiros dos facínoras que governam o Mundo, calam, ignoram "consentem"? Esta questão, juntamente com os documentos que
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