543. Sala de Cinema: Charlie and the Chocolate Factory
Realizador: Tim Burton
Elenco: Johnny Depp, Freddie Highmore, Helena Bonham Carter, Christopher Lee, Deep Roy
Tim Burton está numa nova fase da sua carreira, certamente influenciada por uma nova etapa da sua vida pessoal (paternidade). Há uma abordagem diferente na escolha e execução dos projectos e uma nova perspectiva da família. Diria que os seus filmes eram muito negros com umas pinceladelas de cor. Esta nova fase é mais “colorida”, como eu a chamo, mas continua a ter elementos pouco convencionais, personagens problemáticas e cenários distorcidos. Mas esses elementos deixaram de ocupar quase todo o espaço do filme para serem uma pequena parte dum mundo mais acolhedor. Já em Big Fish a família tinha ganho o papel central de todo o filme. A família é agora vista como o último dos objectivos, leia-se, encontrar essa difícil harmonia familiar.
Em Charlie and the Chocolate Factory há um conflito entre esses dois mundos de Burton. Por um lado, uma família pobre mas em harmonia (diria que a harmonia é quase republicana mas a fazer lembrar Dickens), e por outro lado, há o infeliz mundo de Willy Wonka (Johnny Depp), que representa o antigo mundo de Tim Burton, leia-se, um mundo solitário e negro. Mas, noutros tempos, a escuridão nunca daria lugar à luz e Willy continuaria desadaptado do mundo “normal” até porque esse mundo sempre foi desprezado por Burton (veja-se o destino da personagem de Depp em Edward Scissorhands). Mas agora tudo mudou no universo de Burton...
Para pior? Não! O espírito criativo continua lá, a imagem de marca não desapareceu e o entusiasmo para criar visões diferentes do mundo também não. Por isso vale a pena ver este filme porque, acima de tudo, não é um enlatado de Hollywood nem a criatividade de Burton está formatada.
Uma nota final para Johnny Depp porque este está fenomenal (como sempre) nesta mistura de Michael Jackson com algumas das suas personagens anteriores (Edward Scissorhands, Ed Wood e até Jack Sparrow). É uma boa notícia saber que ainda há actores que arriscam! Fico a aguardar o próximo de Tim Burton ao estilo de Nightmare Before Christmas, Corpse Bride.
Síntese da Opinião: A não perder! Até porque não é todos os dias que assistimos a 2001 – A Space Odyssey, versão Tim Burton!