604. Reflexões da treta
O problema actual do Estado é que já se esqueceu – é engraçado tratar o Estado como um ser pensante, não é? – para que é que serve. O Estado não deve ser algo que serve alguns mas deve ser um meio para atingir certos objectivos que o homem não consegue atingir individualmente!
Deve o Estado ser uma forma de proteger o interesse dos cidadãos? Sim, mas não os de alguns! Antes do interesse de um número indeterminado de cidadãos vem algo que pode parecer um conceito sem significado mas que tem toda a razão de ser, o bem comum. E esse conceito de bem comum entra, na maior parte das vezes, em conflito com o interesse de muitos, mas não entra em conflito com uma noção romântica de sociedade justa e com capacidade de crescimento, material e social!
Por isso deixo dois avisos:
- Ao Governo que deve pensar nos objectivos mais basilares do Estado antes de fazer reformas que levam a lugar incerto – por exemplo não deve pensar só numa perspectiva de custo mas sim no quadro global, isto é, o objectivo é fornecer um serviço público de qualidade a um preço eficiente num quadro de recursos exíguos;
- Aos cidadãos que não devem, voluntaria ou involuntariamente, travar as reformas que vão ao encontro de um Estado mais justo e eficiente! Dito doutra forma devem olhar menos para o umbigo e para a defesa de direitos que chamam de adquiridos, seus ou do vizinho, que só servem o interesse de alguns mas que distorcem a justiça global.
Dito isto – desta forma crua e de la palisse – devo acrescentar que dificilmente Governo e cidadãos percebem o que deve ou não ser feito. E porquê? Porque já ninguém se lembra para que é que o Estado serve...